Por Rosa Maria Corrêa
Os petroleiros de Alagoas, que estão em greve desde o dia 31 de maio, têm denunciado a intransigência da direção bolsonarista na Petrobrás.
Sem nenhuma preocupação com o risco de desabastecimento de gás natural e GLP – argumento inclusive usado na Justiça pela equipe jurídica da Petrobrás, os gestores demonstram a cada dia da greve o quanto não têm como prioridade os reflexos de suas decisões na sociedade. Agem de forma autoritária, dispensando as equipes de trabalhadores apresentadas pelo Sindicato, desrespeitando a liminar judicial que decidiu pela manutenção da produção durante a greve.
Improbidade administrativa
Enfrentando uma série de atos punitivos, os petroleiros de Alagoas deflagraram greve após situação limite com a obrigação de fazerem treinamento com terceirizados para substituí-los.
Esse tipo de treinamento é ilegal, porque a obrigação de oferecer capacitação é da empresa contratada para prestar os serviços e não dos trabalhadores concursados em atividade.
Presença da FNP em Alagoas
Logo nos primeiros dias de greve, os diretores Bruno Dantas (Sindipetro-RJ) e Adaedson Costa (Sindipetro-LP), ambos da FNP, estiveram em Alagoas para dar apoio aos grevistas.
Segundo Adaedson Costa, “a FNP, conforme vem fazendo há anos, vem dedicando a luta em defesa da categoria petroleira, da classe trabalhadora, então, em todas as frentes onde há luta, greve e mobilizações a FNP sempre se soma. Dessa vez, a FNP esteve em Alagoas onde os trabalhadores, petroleiros próprios da Operação, indignados, cansados do assédio moral e de punições injustas tomaram a rédea e entraram em greve”.
Adaedson explica que não houve outra alternativa que não fosse a greve: “os trabalhadores estavam sendo punidos por não treinar mão de obra terceirizada para assumir seus próprios postos de trabalho! Como se já não bastasse viver no assédio moral, na apreensão, esses trabalhadores hoje que nem sabem se continuarão morando em Alagoas, onde residem e têm familiares, enfrentam a falta de planos concretos da Petrobrás e punições por participar de assembleia, por questionarem a forma como os treinamentos estão sendo impostos. Então, eles entraram em greve e estão bem motivados e organizados juntamente com a estrutura e o apoio do Sindicato, na tentativa de abrir negociação com a empresa. A FNP foi levar a solidariedade de toda a categoria e todas as bases da FNP fizeram atrasos, mobilizações e manifestações demonstrando apoio a estes trabalhadores aguerridos. Que eles obtenham êxito, tenham essas punições canceladas e dignidade nas condições de trabalho!”.
Povo necessita do gás e de comida no prato
Para Bruno Dantas, “os petroleiros em Alagoas mostraram o caminho. Não podemos mais aceitar que o governo Bolsonaro ordene a venda de ativos em áreas onde a presença da Petrobrás fortalece a economia local e gera empregos. É uma greve que começou contra punições, mas colocou em debate o papel da Petrobrás em Alagoas. E essa reação dos petroleiros em Alagoas é a prova de que é possível em escala nacional questionar uma política do governo de transferência de recursos energéticos poderosos como é o gás natural de Alagoas para empresas estrangeiras e privadas”.
Bruno Dantas conclui afirmando que “trata-se de uma decisão pela recolonização do Brasil. É uma pauta econômica dos petroleiros que facilmente se conecta à necessidade imediata do povo por gás de cozinha nos seus fogões, chegando até aos insumos para fábricas de fertilizantes, essenciais para a agricultura familiar e novamente relacionada à comida na mesa do povo”.
Todo apoio à greve dos petroleiros em Alagoas! Todos às manifestações do 19J!