Pesquisa contou com apoio do Sindipetro-RJ, originando livro que será lançado na quarta-feira (21/08) em universidade no Centro do Rio
Na quarta-feira, dia 21/08, será lançado o livro “Petrobrás e petroleiros na ditadura: trabalho, repressão e resistência”, a partir de 17h, no auditório Evaristo de Morais Filho, localizado no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Largo São Francisco de Paula, 1, Centro do Rio de Janeiro.
Publicada pela editora Boitempo, a obra é fruto da pesquisa apoiada pelo Sindipetro-RJ produzida por Lucia Praun, Alex de Souza Ivo, Carlos Freitas, Claudia Costa, Júlio Cesar Pereira de Carvalho, Marcia Costa Misi e Marcos de Almeida Matos.
A diretora do Sindipetro-RJ, Ana Paula Baião fala como os sindicatos sofreram com a repressão da ditadura, e cita que muitos perseguidos pelo regime não receberam anistia até hoje.
“Esse livro conseguiu demonstrar como não só os militantes, os trabalhadores individualmente, sofreram com a repressão. Instituições como os sindicatos, que organizavam os trabalhadores, por melhores condições de vida, inclusive lutando contra o regime político à época, também foram perseguidos. Há muitos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás que não foram anistiados do período da ditadura. Por isso, exigimos anistia para todos os perseguidos políticos na Petrobrás!” –
“O livro é o resultado de um trabalho coletivo de investigação que envolveu pesquisadoras e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diversos locais de país. Nosso objetivo foi esmiuçar a complexa rede de repressão, vigilância e perseguição política montada no interior da Petrobrás a partir de 1964. Além disso, voltamos nossa atenção para os beneficiamentos obtidos pela empresa no período, bem como os efeitos de suas atividades sobre comunidades vulneráveis, a exemplo da Vila Socó e dos povos indígenas do Vale do Javari”, explica um dos autores, Alex de Souza Ivo, historiador e professor do Instituto Federal da Bahia.
Contribuição para a memória do Brasil
O pesquisador acredita que o estudo é uma importante ferramenta para contribuir para a memória brasileira e no esclarecimento da população sobre os acontecimentos que pouco gente conhece ainda sobre a ditadura civil militar.
“Em minha opinião, o livro é uma importante colaboração para a memória acerca de um evento traumático, como a ditadura, e uma contribuição para a compreensão das conexões e a convergências de práticas e interesses entre as empresas e os estados ditatoriais. Pretendemos colaborar com políticas de reparação e sobretudo com a educação da população como um todo, a fim de nunca mais vivermos sob uma ditadura”, disse.
O livro “Petrobrás e petroleiros na ditadura: trabalho, repressão e resistência” aborda o contexto de criação da empresa; a aliança e colaboração com a ditadura militar que provocou graves consequências para a categoria petroleira e seus sindicatos; os sérios danos a populações urbanas vulnerabilizadas, como o incêndio em Vila Socó, Cubatão/SP, em 1984, e a povos indígenas, como do Vale do Javari/AM, por meio das atividades sísmicas desenvolvidas nesses territórios; assim como as implicações no contexto da crise climática.
“Você sabia que a Divisão de Informações (DIVIN), um setor da Petrobrás que funcionou durante a ditadura, era parte do Serviço Nacional de Informações, aqui dentro da Petrobrás? Que pessoas foram demitidas, com sindicatos sofrendo intervenções, e que durante esse período ocorreu tortura dentro das instalações da Petrobrás? (…) É muito importante lembrarmos que a ditadura de 1964 não foi somente uma ditadura militar, somente. Ela foi uma ditadura empresarial militar. Ainda que em última instância, ganhando bem para isso, esses militares serviram sim ao imperialismo, e sobretudo, a muitos empresários. E isso é importante não perder de vista” – finaliza Antony Devalle, também diretor do Sindipetro-RJ.