Milícias bolsonaristas agem para “curtir” vídeo que defende desmonte da Petrobrás

Ação está sendo orquestrada a partir de grupos de Whatsapp e pede “curtidas” para vídeo que estava sendo “descurtido” por funcionários. O jornalista do Globo, Rennan Setti publicou nesta terça-feira (8), no blog “Capital”, do site O Globo, uma reportagem sobre ação orquestrada de grupos defensores de Bolsonaro para defesa de vídeo institucional da Petrobrás.

A comunicação fez uma sequência de prints na noite desta terça onde podemos observar a evolução das curtidas e inscrições no canal da Petrobrás no Youtube entre os horários de 20h e 22h. Inicialmente as curtidas chegavam a 64 mil, contra 71 mil descurtidas, a partir de 21h já eram 66 mil curtidas, contra os mesmos 71 mil. Às 21h44 as curtidas já chegavam a 67 mil, com as curtidas congeladas. Às 6h desta quarta-feira (9) as curtidas já chegavam a 71 mil, empatando com as descuritdas. O número de assinantes do canal da Petrobrás durante esta ação recebeu mais de 800 novas assinaturas. Ficou claro o efeito manada.

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É importante citar o caso da empresa inglesa Cambridge Analytical, que só em 2014 interveio em eleições de 44 países, roubando dados de pessoas e manipulando informações; escândalo que gerou um documentário de grande repercussão : “Privacidade Hackeada”.

O Sindipetro-RJ reproduz a matéria, e mostra que este tipo de ação orquestrada não é uma novidade em mídias sociais quando envolvem o sistema Petrobrás em sua atual gestão.

Milícias atuaram durante negociações do ACT

Cabe lembrar que após rejeitar a proposta de ACT da direção da Petrobrás, o Sindipetro-RJ sofreu ataques em suas mídias sociais que teve toda configuração de uma ação orquestrada de milícias digitais, que entre outras coisas, continham ataques com termos chulos e agressivos contra o Sindicato em suas páginas no Facebook e Instagram. Coincidência?

O fato é que também naquele momento uma orquestração foi identificada para que a proposta da Petrobrás fosse aceita de qualquer jeito nas assembleias virtuais que foram realizadas pelo Sindipetro-RJ no último mês de outubro.

Foram criados dois grupos de Whatsapp (Mobilização Assembleia e Mobilização Assembleia II), esse inclusive encabeçado por um gerente de RH. Esses grupos foram administrados por gerentes que assediaram empregados. Frases do tipo : “Tem que ter divulgação pesada…Não podemos dar mole para o Sindipetro desta vez” – mostram bem como a situação foi encarada.

Feito este adendo confira a matéria que trata do vídeo institucional que defende a privatização do sistema Petrobrás:

“Bolsonaristas se mobilizam para impulsionar vídeo da Petrobras ‘descurtido’ por funcionários”

Por Rennan Setti

Perfis e grupos de Whatsapp bolsonaristas iniciaram uma campanha para angariar “curtidas” para um vídeo da Petrobras que vinha sendo “descurtido” por funcionários e membros de movimentos de esquerda. A mobilização transformou o comercial sobre a estratégia de venda de ativos da estatal em mais uma proxy da “guerra cultural” travada pelos dois lados nas redes sociais.

Intitulado “Legado”, o vídeo foi publicado no canal oficial da Petrobras no Youtube no fim de novembro. Ele tece loas à política de “desinvestimentos” da estatal, iniciada no governo Michel Temer e acelerada na gestão de Jair Bolsonaro. Imediatamente após a publicação, grupos de movimentos de esquerda e de funcionários da Petrobras começaram a se mobilizar no WhatsApp para “descurtir” a propaganda.

Na semana passada, quando a coluna escreveu sobre a estratégia, o comercial tinha apenas 146 “curtidas” contra 4,6 mil sinalizações de “não gostei”, após cerca de 10 mil visualizações — o que já era um sucesso de audiência para o canal da Petrobras, que não batia a marca desde o começo do ano. Mas a mobilização ganhou força e, na quinta-feira passada, o vídeo já tinha sido assistido mais de 85 mil vezes e “descurtido” por 42 mil pessoas, contra apenas 2,8 mil apoios. Foi quando os bolsonaristas decidiram reagir.

“Os canhotos asquerosos estão dando deslike no vídeo institucional da Petrobrás. Os animais não pensam na importância do retorno do prestígio para o País. Vão lá e deixem seus likes”, escreveu ontem uma usuária bolsonarista no Twitter, empregando o vocabulário peculiar dos apoiadores mais fiéis ao presidente.

ATENÇÃO — A esquerdalha tá dando deslike no vídeo da Petrobrás, vamos lá dar likes meu povo!”, apregoava outro apoiador do presidente na rede social, repetindo texto disparado em diversos grupos bolsonaristas de WhatsApp.

‘O futuro depende disso’

A reação fez com que a audiência da propaganda disparasse para mais de 245 mil visualizações e conseguiu elevar para 61 mil o número de curtidas. Mesmo assim, os bolsonaristas continuam perdendo: 70 mil pessoas não gostaram do vídeo até agora.

O que revoltou os críticos parece ter sido a mensagem de que o futuro da estatal “depende” da privatização de seus ativos, estratégia criticada por parte importante dos empregados e dos movimentos sociais.

“Nós construímos tudo isso juntos, com muito trabalho e suor. Mas a Petrobras precisa seguir um novo caminho.Vamos concentrar investimentos nos ativos de classe mundial, onde conseguimos os melhores resultados, como na exploração e produção do petróleo em águas profundas. E por isso temos que vender algumas operações no Brasil e no exterior. O futuro da empresa depende disso”, sustenta o comercial.

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