O homem que não gosta da Petrobrás e o conto do vigário

Mais uma vez o incompetente presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, dileto preposto de Paulo Guedes, desmerece e desvaloriza um ativo da companhia. Desta feita, a bola da vez é a Refinaria Abreu Lima (RNEST) que há cinco anos opera no Estado de Pernambuco.
Segundo o Jornal do Comércio de Pernambuco, o presidente da Petrobrás disse que a RNEST “contribuiu ano a ano para a desvalorização dos ativos da Petrobrás”. A declaração foi dada durante o evento de lançamento dos resultados financeiros da companhia, realizado no dia 19 de fevereiro, referente ao ano de 2019, que indicou um lucro líquido de R$ 40,1 bi, considerado recorde. A RNEST tem capacidade de refinar 230 mil barris ao dia de petróleo, mas opera somente cerca de 100 mil. Castello Branco disse que a refinaria de Pernambuco foi uma das mais caras do mundo e que a unidade contribui para o endividamento bruto da Petrobrás que registrou, segundo o relatório, o valor de R$ 87,1 bi.
Diante desta declaração fica clara a manipulação tendenciosa que a atual direção da empresa tenta fazer perante a opinião pública em desvalorizar a capacidade da Petrobrás e de seus ativos. A pergunta que deveria ser feita no evento, era se o sucateamento de um ativo tão importante para uma região como o Nordeste é operado propositalmente com o intuito de torná-lo ocioso e inoperante, fortalecendo a diretriz entreguista de privatizar a empresa em partes.

Castello Branco certamente negaria que a PPI – Política de Paridade Internacional – faz com que a Petrobrás aplique uma política de preços de combustíveis fora da realidade dos seus próprios custos enquanto empresa, gerando preços altíssimos para os consumidores brasileiros e gerando ociosidade em seu parque de refino. Uma política que sacia os interesses das concorrentes multinacionais do petróleo, que ganham muito dinheiro com a importação de combustíveis.
Está mais do que evidente que a atual gestão da empresa está muito mais interessada em promover uma guerra ideológica de narrativas com os governos anteriores do que em adotar diretrizes que sejam benéficas para a empresa, seus trabalhadores e o país. Ao contrário, aproveitam-se dos erros do passado para cometer outros ainda piores.

Assim, os “amigos yankees” de Guedes e Bolsonaro fazem caixa para comprar a preço de banana os ativos da Petrobrás. No atual contexto do pós-carnaval, os planos de gestão operados com a aplicação da PPI se enquadram perfeitamente no enredo, deste ano de 2020, da Escola de Samba São Clemente, que abordou “O Conto do Vigário”, contanto a história da vigarice no Brasil. Bolsonaro, Paulo Guedes e Castello Branco, juntos, fazem isso na cara de pau e com a chancela da burguesia brasileira que adora passar o carnaval em Miami, aplicando assim o conto neoliberal que tira dos pobres para dar aos ricos.

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