É com pesar que o Sindipetro-RJ registra o falecimento de André Luiz da Silva no domingo (18). O velório acontece a partir das 14h na capela B do Cemitério da Cacuia, Ilha do Governador, e o enterro está marcado às 16h.
André Luiz viveu uma história complexa que o Sindipetro-RJ acompanhou bem de perto.
Sequelas de Enchova
Na madrugada do dia 16 de agosto de 1984, ele estava trabalhando na Plataforma de Enchova-1, na Bacia de Campos, quando a perfuração de um poço de petróleo provocou uma explosão seguida de incêndio. Buscando fugir, os trabalhadores guarneceram uma baleeira, mas um dos cabos dela ficou preso e o outro se rompeu. A embarcação despencou de 30 metros. Foram 37 mortos e 23 feridos.
Um laudo “técnico” elaborado pela empresa – sem a participação sindical – concluiu por falha humana, mas havia falta de manutenção adequada de alguns equipamentos da plataforma. Até hoje o acidente não foi devidamente explicado pela Petrobrás.
As sequelas emocionais o levaram a aceitar o Plano de Demissão Voluntária (PDV) que foi oferecido pela empresa na década de 1990. Como sabemos, quem tem mais benefícios com esses planos são as empresas que desejam reduzir o quadro de funcionários e no caso da Petrobrás o interesse é facilitar a privatização e aprofundar a precarização. Para o trabalhador, fica o desemprego. O caso de André Luiz agravou-se ao ponto dele ficar numa situação de rua. Resgatado por petroleiros, ele foi acolhido pelo Sindicato que começou a buscar formas de melhorar as condições de saúde e socioeconômicas dele.
André Luiz não conseguia mais entrar numa plataforma para trabalhar, porque havia desenvolvido catatonia, síndrome caracterizada por anormalidades comportamentais.
Nesse caso, a melhor condição para ele seria a aposentadoria, mas o trâmite junto ao INSS não foi concluído a tempo. André Luiz morreu de câncer.
André Luiz, presente!