Por Rosa Maria Corrêa
Nesta quinta (11) , a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) divulgou o seu Relatório Mensal do Mercado de Petróleo, anunciando corte na projeção para a demanda global em 2021. Segundo o documento, o impacto causado pelo coronavírus persiste e a estimativa é de que o consumo do petróleo cresça em 5,79 milhões de barris por dia (bpd) neste ano, para 96,05 milhões de bpd numa expectativa negativa frente à projeção inicial de 110 mil bpd de janeiro.
Vale registrar que também foi feita revisão na queda histórica em 2020. Agora a OPEP estima que a demanda mundial tenha somado 90,01 milhões de bpd contra os 250 mil bpd divulgados anteriormente.
Com o consumo mais fraco, os planos de aumento de produção começam a ser desacelerados, como já anunciou o Iraque na quarta (10) acenando que a OPEP manterá os cortes atuais de produção em março.
Castello Branco recusou convite em 2019
A OPEP é um cartel intergovernamental que foi criado em 1960, durante a Conferência de Bagdá, principalmente por iniciativa do Irã e da Venezuela para compensar a queda do preço do barril, que chegou a menos de U$ 5. Da fundação, participaram também Iraque, Kuwait e Arábia Saudita. A Organização pretende coordenar e unificar as políticas de petróleo de seus membros e garantir a estabilização dos mercados, além de prover informações sobre o mercado internacional de petróleo.
Mas, o maior objetivo é fortalecer os países produtores de petróleo frente às empresas compradoras do produto – a maioria pertencentes aos Estados Unidos, Inglaterra e Países Baixos, que permanentemente exigem a redução nos preços do produto.
Hoje, participam 15 países. Além dos fundadores, constam: Angola, Argélia, Guiné Equatorial, Líbia, Nigéria, Gabão, Equador, Emirados Árabes Unidos, Catar e Indonésia. Juntos, eles garantem os melhores preços pelo seu petróleo. E a OPEP+ significa a inclusão de aliados, como a Rússia.
Durante a participação de Bolsonaro na conferência “Iniciativa de Investimento Futuro” no final de 2019, naquela mesma viagem quando ainda era do PSL e disse ser “quase irmão” do príncipe saudita conhecido por desrespeitar os direitos humanos, o Brasil teria sido convidado de forma informal a participar da OPEP. Na época, Roberto Castello Branco recusou a proposta e alardeou na mídia empresarial que “o Brasil pode fazer melhor” referindo-se às atividades da Organização. Até agora, o “fazer melhor” dele e da equipe econômica bolsonarista é avançar com os planos de privatização fatiada destruindo a única petrolífera brasileira.