Como era de se esperar, permanece o discurso de que são necessários grandes esforços gerenciais para a redução do endividamento, o que justificaria o plano de desinvestimento e venda de ativos.
Os analistas de mercado repercutem dizendo que o lucro apresentado foi inferior ao esperado, devido à efeitos não recorrentes como “demandas judiciais” e impairments, além de questões conjunturais como a redução da produção e a perda de mercado interno. Ora, uma das maiores causas da redução da produção é a contínua venda de blocos produtores, como foi com parte de Lapa, Iara e Roncador, mascaradas sob o nome de “parcerias”, mas que no balanço contam como desinvestimentos. E a perda de mercado deve-se à equivocada política de preços de combustíveis, a qual segue aplaudida de pé por aqueles (e seus porta vozes) que a utilizam como âncora cambial e ainda fazem caixa, às custas dela, para comprar os ativos da Petrobrás.
A desproporção verificada, especialmente em relação ao lucro líquido, revela a robustez dos resultados que a Petrobrás vinha conquistando nos últimos anos, consistentemente, e que de fato demonstram que a empresa nunca esteve quebrada, mas foi submetida a saques em propinas e superfaturamentos, para, na sequência, o processo se aprofundar com juros e especulações cambiais extorsivos, mediante manobras contábeis do senhor Ivan Monteiro que impunham perdas por depreciação, culminando com venda de ativos e privatização.
Uma empresa quebrada não reverte prejuízo em lucro, na proporção verificada, caso seu lucro líquido, não fosse somente a ponta do iceberg, entre todos os resultados e lucros que produz, e todos os interesses de ocasião. O discurso de Petrobrás quebrada sempre menosprezou que seu lucro líquido é consequência de pagamentos referentes a investimentos, fornecedores, impostos e contribuições, royalties e participações, salários (empregos) e, nos últimos tempos, da enorme conta dos banqueiros em juros e amortizações.
Portanto, os resultados, sempre positivos, da Petrobrás, não são surpresa, mas consequência direta do esforço dos trabalhadores em preservar e desenvolver a empresa para o país, apesar dos diversos Governos e seus agentes.
Versão do impresso Boletim XCVII