No último domingo (31/05), o Globo publicou em seu site que empresas estatais como Eletrobrás e Petrobrás patrocinaram canais no YouTube que distribuem conteúdos falsos e que abastecem a rede bolsonarista.
Segundo dados obtidos pelo jornal através da Lei de Acesso à Informação, Petrobrás e Eletrobrás veicularam 28.845 anúncios nesses canais entre janeiro de 2017 e julho de 2019, período que abarca os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Os proprietários de alguns desses canais são investigados no âmbito do inquérito das fake news. Eles foram alvo de mandados de busca e apreensão determinados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no final de maio último.
Ainda, segundo o Globo, outra base de dados da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência mostra que, em junho e agosto do ano passado, quase 400 mil anúncios do governo foram para 11 sites e canais que divulgam fake news e propagam ataques contra a democracia.
Pega na mentira!
Na rede social da Petrobrás, Flávia Shreiner da Justa, gerente executiva de Comunicacão publicou uma reposta à reportagem em que disse que “desde janeiro de 2019, a Petrobrás não faz qualquer tipo veiculação de anúncios nos canais mencionados na reportagem publicada hoje (31/05) no jornal O Globo” , tentando desmentir informações oficiais obtidas pela Lei de Acesso à Informação e da Secom, sendo pega na mentira!
Ideologia neoliberal escancarada
Outro fato que não pode passar despercebido é o perfil do diretor de Governança e Conformidade da Petrobrás , Marcelo Barbosa de Castro Zenkner, que fez uma postagem com um texto rebuscado sobre integridade, usando a imagem de Margareth Thacher, ex-primeira ministra do Reino Unido e uma das precursoras do neoliberalismo.
Cartilha liberal aplicada por Castello aos seus aspones
Vale lembrar que a direção da Petrobrás tem adotado um tom bastante ideológico, seguindo à risca a cartilha liberal.
Em janeiro deste ano, a diretoria e Castello Branco tinham programado a apresentação da economista americana Deirdre McCloskey presencialmente aos funcionários, por um canal interno de televisão. A conversa fazia parte do programa ‘Diálogos do Conhecimento’, um ciclo de palestras voltado à “alta administração”, claro com um viés neoliberal. Mas na época, após uma entrevista publicada pelo Estadão o encontro foi cancelado.
Ao que tudo indica a direção da empresa não gostou de declarações da economista. Para Closkey, professora da Universidade de Illinois em Chicago e transgênera, o título de ‘liberal’ ultrapassa a esfera econômica. Em sua opinião, na América Latina, principalmente no Brasil, liberalismo é sinônimo de “reacionário e violento”. Ela ainda diz que no governo Bolsonaro há um “fascismo contra gays”.
Na época, a direção da Petrobrás, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que a palestra foi cancelada por conta da agenda da diretoria, uma tremenda desculpa esfarrapada.
Segundo informe da Comunicação da Petrobrás o programa ‘Diálogos do Conhecimento’ já havia consumido no início do ano mais de R$100 mil com oradores, informação publicada no site Terra. Enquanto isso, já daquela época a direção da Petrobrás clamava aos seus trabalhadores por ‘austeridade’. É muita hipocrisia!