Por Rosa Maria Corrêa
Quando Paulo Guedes anunciou em Davos, no Fórum Econômico Mundial de 2020, a venda de ações da Petrobrás que estão em posse do governo através da BNDESPar foi uma ação simbólica para mostrar que o Brasil estava caminhando na direção da desestatização e aberto ao investimento estrangeiro. Os analistas liberais aplaudiram na época, dizendo que um anúncio destes, envolvendo a gigante Petrobrás, tem o poder de atrair grandes investidores externos ao país.
Nessa Petrobrás menos estratégica e desligada dos interesses nacionais, apesar dos estrangeiros serem acionistas minoritários, são eles que têm a palavra final. Os interesses nas bolsas de valores ultrapassam a necessidade do povo brasileiro que deveria ser representado pela União, acionista majoritária na empresa.
Nenhum outro país está vendendo a sua petrolífera estatal
Ao compararmos essa situação na Petrobrás com outras petroleiras de porte no mundo, constatamos que nenhuma delas é controlada por acionistas minoritários. E, principalmente, a maioria é estatal! Assim como a Petrobrás no Brasil, elas foram criadas para garantir autossuficiência em combustíveis para os seus povos.
Na história da Petrobrás, não houve financiamento internacional para o seu desenvolvimento. Suas conquistas em pesquisa, por exemplo, vieram a partir de investimentos nacionais e uma força de trabalho cada vez mais qualificada. E se a produção de combustíveis é de baixo custo, os preços não deveriam seguir a paridade de importação, que arrocha o custo de vida dos trabalhadores brasileiros.
Apesar da troca de presidentes na empresa anunciada na sexta (19), o governo entreguista mantém todos os projetos privatistas para as estatais. Na noite de quarta (24), por exemplo, Bolsonaro entregou pessoalmente ao Congresso Nacional uma Medida Provisória que trata especificamente da privatização da Eletrobrás, de modo a levar o país à escuridão, literalmente.