Por Rosa Maria Corrêa
Sem precisar gerir estoque regulador, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) depende do comportamento da Petrobrás no setor até para ganhar dinheiro no mercado brasileiro.
Nesta quarta (24), a estatal avisou às distribuidoras que não irá atender aos 100% da demanda de diesel para os meses de março e abril.
Há especulações de que a medida pode ter sido tomada para agradar as importadoras. Por estar praticando preços abaixo do PPI (Preço de Paridade de Importação) no mercado doméstico, a Petrobrás recebeu críticas das importadoras sobre terem enfrentado dificuldades na comercialização de volumes trazidos do exterior.
Junto com o comunicado, veio uma declaração de Castello Branco: “a Petrobrás, por não ser a única fornecedora de combustíveis ao mercado brasileiro, não tem como avaliar o risco do suprimento nacional”.
Devido ao menor patamar dos volumes demandados durante a pandemia, o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, afirmou que a Agência está monitorando a questão e que não vê risco ainda de desabastecimento. Apesar de saber que a Petrobrás tem capacidade de atender a demanda total do mercado nacional sozinha, Saboia aproveitou para exaltar a privatização: “são os desafios que vão se apresentando na medida em que esse processo de desinvestimento da Petrobrás acontece”.
A decisão desta quarta atiça ainda mais a situação atual na estatal, que desde o anúncio da troca do presidente por Bolsonaro na sexta (19) está nas manchetes no noticiário. Reunido na terça (23), o Conselho Administrativo da empresa autorizou a convocação de uma assembleia, em data a ser definida, para substituir Castello Branco pelo general Silva e Luna, conforme determinação de Bolsonaro. E a mudança representa, automaticamente, a troca também dos conselheiros.
Muitos se perguntam se a mudança no comando da empresa trará algum impacto na venda do parque de refino da estatal, mantendo-se também o sucateamento e o progressivo aumento da ociosidade das refinarias. Uma vez que a política de governo continua sendo a de dilapidação do patrimônio nacional, o Sindipetro-RJ entende que nada muda e nossa luta continua uma necessidade urgente. A categoria não deve se iludir com o jogo de cena bancado por Bolsonaro.