Atualizado às 09h20 – 03/07/20
Fique atento e não embarque nesta verdadeira “canoa furada” oferecida pela direção da Petrobrás e encampada pela Petros
Depois das longas negociações que envolveram federações, sindicatos e associações, grupo que formou o Fórum em Defesa da Petros culminando com a criação da Nova Proposta de PED a partir da reestruturação do PPSP-R e do PPSP-NR – com a cisão do grupo Pré-70, as alterações de regulamento e a própria implantação de um novo modelo de equacionamento, a Petros, agora, apela para a criação do PP-3, um plano baseado na modalidade de contribuição definida (CD), proposto pela direção de Castello Branco na Petrobrás, tentando atrair os participantes incautos do PPSP-R e do PPSP-NR.
O PP-3 ainda depende da aprovação de todas as instâncias de governança, mas a Petros já disponibiliza em seu site um simulador com alguns valores projetados para o novo plano que pode ser considerado uma verdadeira arapuca, como diz o ex-conselheiro da Petros e petroleiro aposentado, Silvio Sinedino.
“Não se iludam, em um Plano CD puro como o PP-3 não há mais nenhum compromisso da patrocinadora (Petrobrás) com o plano, assim, se houver, por exemplo, uma grande queda dos ativos financeiros o prejuízo será bancado pelo participante sozinho. No PPSP o prejuízo é dividido meio a meio com a patrocinadora. É comum falarem: no PP-3 não haverá déficit; não haverá porque o que é déficit no PPSP no PP-3 é redução direta de benefício” – explica.
Sinedino fala que com o PP-3 a patrocinadora se livra definitivamente de qualquer responsabilidade futura com o plano. “Suponhamos, por absurdo, que haja um crash na economia e o patrimônio dos Planos, representado por investimentos em ativos financeiros, vá a zero. O que vai ocorrer? Bem, no PP-3 como você é responsável sozinho, para o bem e para o mal, seu benefício será zerado e só lhe restará o benefício do INSS; boa sorte!” – sendo bastante objetivo.
E no PPSP? “ Como a patrocinadora é responsável por 50% do déficit, na pior das hipóteses, na suposição que estamos fazendo, o benefício Petros será reduzido a 50% que será pago pela patrocinadora. Então, no pior dos casos, você terá o benefício do INSS e mais 50% do seu benefício Petros; compare com a alternativa do PP-3”.
A ilusão do aumento do teto
Além de Silvio Sinedino, outro petroleiro, e integrante eleito do Conselho Deliberativo da Petros, Ronaldo Tedesco faz um alerta importante sobre o PP-3 em texto publicado em março no site do Sindipetro-LP :
“Existe uma eventual possibilidade de, ao se transferir do PPSP e ir para o PP-3, o teto existente no salário de participação ser ultrapassado e provocar uma suposta “melhoria” no benefício final a ser percebido. Um parêntesis importante é que a suposta “melhoria” tem a ver com uma aplicação de mais recursos financeiros dos participantes, com a contrapartida da patrocinadora durante a fase ativa do plano. Mas essa contrapartida da patrocinadora não se prorroga com o fim da fase de acumulação. Ao se iniciar a fase assistida do plano, a patrocinadora para de contribuir financeiramente com o PP-3. Essa hipótese de “superação do teto”, alertamos, só ocorrerá para os participantes que, ao decidirem sair do PPSP, permaneçam por longos anos no PP-3 ou outro plano que seja, sem receber benefícios, acumulando recursos para a superação dos valores anteriormente esperados” – exemplifica.
O PP-3 e o risco do fator tempo
Tedesco diz que “em outras palavras, se o participante resolver sair do PPSP e ir para o PP-3 ou para um plano privado da modalidade CD ou CV qualquer, precisa entender que vai ter que permanecer sem receber sob forma de prestação continuada esses recursos poupados, ainda durante alguns anos. Previdência é tempo mais dinheiro. Se não der tempo, o dinheiro não rende. Às vezes, nem dando tempo” – alerta.
O conselheiro da Petros diz que além de uma solução, como foi alardeada pela direção da Petrobrás e pela própria Petros, na primeira vez em que foi divulgada a iniciativa de sua criação, afirma , categoricamente, que o PP-3 pode ser efetivamente uma ameaça à liquidez do PPSP. “Por esse motivo, deveremos combater o PP-3 pelo bem da saúde financeira do nosso plano”. Então muito cuidado para quem avaliar em migrar para o PP-3. Afinal, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, já diz o ditado popular.