Nesta sexta-feira (22/10), os caminhoneiros que transportam combustíveis pararam em, pelo menos, dois estados. Em protestos contra o preço do diesel, sendo os serviços suspensos no Rio de Janeiro e em Minas Gerais
No Rio de Janeiro, na REDUC, Duque de Caxias (RJ), os motoristas bloquearam o acesso de outros caminhões a bases de abastecimento. Já em Minas, todos os tanqueiros suspenderam as atividades e alguns deles ficaram concentrados na região da Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Betim.
Caminhoneiros anunciam greve
Descontentes com os sucessivos aumentos dos combustíveis e com as propostas do governo para a categoria, caminhoneiros decidiram manter a greve marcada para o próximo dia 1º de novembro. A paralisação foi confirmada em nota conjunta de representantes da categoria. O preço do combustível subiu 37,25% em agosto na comparação com o mesmo período do ano passado.
O litro do diesel S-10, combustível usado para abastecer caminhões e ônibus, alcançou neste mês de outubro o maior preço médio mensal real (descontado a inflação) da década, sendo vendido a R$ 5,033. O diesel registra aumento contínuo há seis meses.
Os dados são do Monitor dos Preços dos Combustíveis , lançado no dia 05/10 pelo Observatório Social da Petrobrás. De acordo com a nova ferramenta, o valor do diesel está 23% acima da média histórica, que começa em 2012 – ano em que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) passou a contabilizar os preços do S-10.
Sem o Preço de Paridade de Importação o diesel poderia ser vendido ao consumidor brasileiro por R$ 3,71, ou seja, cerca de 26% mais barato do que o valor praticado hoje no mercado nacional.
Associação de distribuidoras cria clima contra a Petrobrás
A Associação de Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), entidade que representa mais de 40 empresas do ramo, já começa a criar um clima para jogar a opinião pública contra o movimento dos tanqueiros e caminhoneiros,dizendo que existe o risco de desabastecimento nos postos brasileiros após seus associados terem recebido comunicados da Petrobrás que informavam cortes nos pedidos solicitados, em muitos casos de até 50%.
“No último dia 11 de outubro, diversas distribuidoras de combustíveis filiadas à Associação das Distribuidoras de Combustíveis – Brasilcom receberam comunicados do setor comercial da Petrobras informando uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento de gasolina e óleo diesel para o mês de novembro/2021” – diz trecho do informe publicado no site da entidade.
Distribuidores são desmentidos pela ANP
Por meio de nota, a ANP informou que nesse momento o abastecimento segue normalizado. O órgão ainda se restringiu em informar que caso necessário, adotará providências.
“Não há indicação de desabastecimento no mercado nacional de combustíveis, nesse momento. A ANP segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos” – comunica a nota.
Assim, a ANP mostra que esse anúncio de desabastecimento é um factóide dos setores de distribuição e de importação, já se preparando para o potencial impacto da movimentação dos tanqueiros e da greve de caminhoneiros. Possivelmente, como estão perdendo o controle de grande parte dos caminhoneiros, podem promover o desabastecimento colocando a culpa contra a Petrobrás e não contra a política do governo (PPI) e o setor de importação que deveria suprir toda carga que não fosse produzida pela Petrobrás.
É preciso combater essa versão dos distribuidores e importadores, pois estes deveriam garantir estoques para abastecer a demanda. Na PPI, a Petrobrás deixa a função de abastecedora nacional, mas os importadores e distribuidores recebem uma grande fatia do mercado e têm a responsabilidade de supri-lo.
O Sindipetro-RJ/FNP segue promovendo mobilizações junto a sua base na luta contra o processo de desmonte e privatização do sistema Petrobrás, e na defesa dos direitos da categoria petroleira. E apoia os movimentos dos tanqueiros e caminhoneiros, é preciso um basta nesta política de preços dos combustíveis que só favorece aos especuladores.