Privatização é motivo da insegurança energética que atinge o Texas

Por Rosa Maria Corrêa

Um dos motivos do apagão que atinge o estado do Texas, nos Estados Unidos, além das rigorosas tempestades invernais, é a destruição que ocorreu no sistema energético há 20 anos. Sem uma rede integrada e robusta, o apagão deixou nos últimos dias, o estado que é o maior produtor de petróleo e gás dos EUA, com cerca de quatro milhões de clientes sem abastecimento de eletricidade.

Nos anos 2000, uma desregulamentação do setor barateou a infraestrutura de energia, facilitando a permanência de investidores que não têm interesses em sistemas capacitados e atualizados ou no conjunto de distribuição. Portanto, não apenas o Texas, mas outros estados podem ser afetados pela falta de energia nos Estados Unidos.

Cada um por si e o povo sem a energia
O Conselho de Confiabilidade Elétrica do Texas (ERCOT), por exemplo, é responsável por 90% da eletricidade estadual e conta com um sistema dependente de si mesmo, sem possuir interligações e apresentando falhas críticas. Especialistas estadunidenses que têm repercutido opiniões na mídia, chamam a situação de subinvestimento e negligência, informando que todas as circunstâncias foram previsíveis quando houve a desregulamentação do setor há 20 anos. Fato é que a ERCOT só pode gerenciar a rede, não pode investir em equipamentos nem possui geradores suficientes para atender a um forte aumento de demanda.

Mas, nesse momento de crise, liberais como o governador republicano do Texas, Greg Abbot, criticam o gerenciamento feito pela ERCOT, divulgando que o Conselho “não tem sido nada confiável” e abriu investigação sobre as ações da empresa.

Por outro lado, uma turma de políticos trumpistas se aproveitam para apontar a energia eólica como vilã. Mas, nesse caso, o próprio ERCOT já afirmou que embora o gelo tenha desligado algumas turbinas eólicas, esse foi o fator menos significativo para os blecautes.

Aqui no Brasil, ao analisarmos o pacote de privatizações de Paulo Guedes, nos deparamos com empresas de grande porte e insubstituíveis, que são responsáveis pela importante integração do país, como as gigantes Eletrobrás e Petrobrás. Ambas numa lista que inclui a Empresa de Correios e Telégrafos, Serpro, Datraprev, 16 portos, 24 aeroportos e seis rodovias, entre outras tantas que fazem justamente com que o sistema Brasil funcione. Ser a favor da privatização, é ser contra o povo brasileiro e apostar num futuro de crises inimagináveis.

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