Encontro em agenda oficial mostra os verdadeiros objetivos da “turma” que governa o país. Combate à pandemia da COVID-19 definitivamente não é prioridade
Como nos filmes do cineasta estadudinense Martin Sorcese, que abordam o universo da máfia, a reunião ministerial do dia 22 de abril, que teve o conteúdo de vídeo liberado pelo ministro do STF, Celso de Mello, mostra um verdadeiro encontro de uma irmandade do crime.
O que seria um encontro oficial de trabalho para discutir ações para o Brasil pós pandemia da COVID-19, se tornou um festival de horrores de termos chulos, preconceituosos, mostrando a real intenção do presidente da república e de seus ministros que representaram no pior estilo hollywoodiano os personagens escroques de filmes como “Casino”, também dirigido por Scorcese.
O roteiro desta reunião apresentada por Bolsonaro tem personagens que operam como prepostos de setores como do mercado financeiro (Paulo Guedes – ministro da Economia), agronegócio (Ricardo Salles – ministro do Meio Ambiente) e até de jogos de azar (Marcelo Álvaro Antonio – ministro do Turismo), entre outros que em suas falas não mostraram nenhum respeito à Constituição.
Brasília, que hoje pode ser considerada a sede do crime organizado, uma Las Vegas na capital da república, comandada por um governo miliciano, salvaguardado por militares que a cada vez acumulam cargos e ocupam posições sobre as quais nada conhecem, como o ministério da Saúde comandado por um general truculento que confessou ser “leigo” em questões técnicas da área.
Mas voltando aos escroques de Bolsonaro, é importante citar o que cada um desses três ministros pontuou na reunião dos horrores.
“O cardeal neoliberal”, sua eminência parda Paulo Guedes
A fala de Paulo Guedes sintetizou de fato como sua turma neoliberal, que tem Roberto Castello Branco na direção da Petrobrás, mostra qual é o verdadeiro objetivo da sua gestão entreguista.
(…)” Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas” (…) – ao anunciar um plano para salvar seus amigos bilionários e abandonar o pequeno empresário.
O entreguismo e desdém ficou explícito na fala sobre o Banco do Brasil.
(…) “Senhor, já notou que o BNDES […] e a Caixa que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. [Já o] Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo” (…) – ao revelar seu desprezo pelo Banco do Brasil, instituição fundada há mais de 200 anos.
Não contente em divulgar seus ataques contra o patrimônio do Brasil, Guedes ainda soltou uma metáfora de linguagem militar em relação aos servidores públicos.
“(…) Nós já botamos a granada no bolso do inimigo: 2 anos sem aumento de salário” (…) – ao comemorar o congelamento de salários do funcionalismo público (…) – disse Paulo Guedes no pior estilo cardeal Richelieu, conselheiro de Luís XIII, rei da França. O cardeal é autor da frase que sintetizou o absolutismo na França do século XVII : “Todo poder ao rei!”, que pode ser totalmente contextualizada aos desejos autoritários de Bolsonaro.
Outra fala desprezível foi a proferida pelo ministro Ricardo Salles, que desnudou a real intenção do governo Bolsonaro em relação ao Meio Ambiente.
(…) “A pandemia do Coronavirus (COVID-19) é
uma “oportunidade” para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas [ambientais] (…) de baciada” (…) – disse, citando a atenção do total da cobertura da imprensa para a pandemia.
A fala do ministro mostra como o governo Bolsonaro se alinha em conformidade total com o agronegócio. Na gestão de Salles, o Ibama sofre um esvaziamento com o afastamento de fiscais e fechamento delegacias para a alegria dos desmatadores.
Conversa de mafioso
Já Marcelo Álvaro Antonio acha que o turismo no Brasil vai “crescer” com a regulamentação da lavagem de dinheiro e liberação de cassinos. Temas recorrentes nos filmes de Scorsese.
“(…) Mas o que precisa ser feito, presidente, é realmente desmistificar a questão de evasão de divisas, de lavagem de dinheiro, de tráfico de drogas (…) mas obviamente, presidente, uma pauta que só levaríamos para frente se a gente conseguir pacificar, ou nos fazermos entender pelas bancada evangélica, pela bancada católica, pra que não haja uma distorção na comunicação disso. Tem que ser um projeto muito bem feito que eu acredito que pode ser uma grande oportunidade para o Brasil atrair grandes complexos dos quais apenas três por cento são utilizados para os cassinos (…)” – sugeriu com naturalidade Marcelo Álvaro Antonio, que é acusado de comandar um esquema de “caixa dois” por utilizar candidaturas laranjas nas ultimas eleições em Minas Gerais pelo PSL.
Pelo visto, o governo Bolsonaro não passa de uma ação entre “Bons Companheiros” do chefe.
Enquanto eles discutem seus jogos e formas de levar adiante seus projetos, o Brasil já possui mais de 350 mil contaminados com mais de 23 mil mortos pela COVID-19, situação que não é considerada por este governo genocida.