Em evento de retomada da indústria naval Sindicato marca presença e exige em carta aberta que governo federal abandone políticas neoliberais que prejudicam a população e sugam a Petrobrás, além de cobrar da direção da companhia o fim dos retrocessos no Regime de Teletrabalho. O fato negativo foi o cerceamento sofrido pelos dirigentes do Sindicato que não puderam se posicionar nos assentos dedicados aos dirigentes das federações
Na manhã desta segunda-feira (17/02), em cerimônia de retomada da indústria naval e offshore brasileira, em Angra dos Reis (RJ), no Terminal de Angra dos Reis (TEBIG), unidade da Transpetro, o Sindipetro-RJ se fez presente em conjunto com sua base para cobrar uma atuação do sistema Petrobrás voltada para os interesses do Brasil e dos banqueiros.
Licitação de retomada da Indústria Naval não garante prioridade para conteúdo local
Lula está anunciando a licitação pública internacional para a construção de oito navios gaseiros, embarcações que fazem o transporte de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). São navios com capacidades de 7 mil, 10 mil e 14 mil metros cúbicos. A iniciativa integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).
Apesar da pompa do lançamento da licitação, o edital é aberto para empresas estrangeiras, contrariando promessas do governo em campanha eleitoral que disse que iria promover a indústria naval brasileira, priorizando o conteúdo local. Segundo o anúncio obrigatoriamente as encomendas deverão contar com 40% da produção no Brasil, obedecendo o regramento do conteúdo local, podendo chegar a 65% por conta dos financiamentos públicos.
A presidente da Petrobrás anunciou que até o final do ano de 2025 serão disponibilizadas 10 plataformas para operação.
Dirigentes do Sindipetro-RJ barrados por questões políticas no evento, mas conseguem entregar documento
Ainda no evento, no início da cerimônia, a delegação do Sindipetro-RJ foi impedida de acessar assentos disponibilizados para as federações petroleiras (FNP e FUP), sendo claramente discriminada por suas posições críticas ao governo Lula. Com seus diretores presentes, o grupo de dirigentes do Sindicato foi posicionado em um local não adequado para a importância da entidade que representa uma base de mais de 17 mil petroleiros.
Em situação de constrangimento, os dirigentes foram obrigados pela segurança do evento a mostrar as camisetas que usavam por baixo dos uniformes, utilizada nas manifestações contra os retrocessos do Teletrabalho que tem os dizeres ” Teletrabalho, nem um passo atrás”
O incidente reflete uma postura antissindical e perseguição política que tem sido observada em outras ocasiões, onde representantes sindicais enfrentam obstáculos para participar de eventos e acessar unidades da Petrobrás.
O Sindipetro-RJ repudia veementemente essa conduta e continuará a lutar pelo respeito aos direitos sindicais e pela participação ativa em discussões relevantes para a categoria.
Ao final do encontro os dirigentes do Sindipetro-RJ entregaram um documento sobre a situação do sistema Petrobrás, enumerando os problemas da empresa na sua relação com os trabalhadores ativos e aposentados.
Carta aberta
O Sindicato formalizou essa cobrança ao divulgar e enviar uma Carta Aberta para o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, intitulada “A Petrobrás foi criada para servir ao Brasil e não aos banqueiros!”, denunciado o uso da Petrobrás para aumentar os ganhos do sistema financeiro ao distribuir nos últimos cinco mais de R$ 500 bilhões para seus acionistas, além de apresentar a seguinte pauta:
- Uma Petrobrás para os brasileiros e não para banqueiros e especuladores;
- Fim do Arcabouço Fiscal e das medidas neoliberais que cortam gastos sociais;
- A revogação das reformas trabalhistas e previdenciária;
- O fim dos retrocessos no regime de teletrabalho e seu regramento no ACT vigente;
- Isonomia de direitos e escalas para os terceirizados
- Convocação do cadastro de reserva dos concursos da Petrobrás e Transpetro
- O fim dos PEDs da Petros e da AMS;
- Que o governo impeça a Petrobrás de abastecer a máquina de guerra genocida de Israel contra os palestinos, com petróleo e derivados brasileiros; e
- Uma Petrobrás 100% estatal controlada por trabalhadores.
Teletrabalho: assembleias vão definir greve
A carta entre outros pontos destaca a luta da categoria petroleira contra os retrocessos aplicados pela direção da Petrobrás, que anunciou em 09/01, de forma unilateral, sem consultar os sindicatos e federações, um cronograma de retrocessos no Regime de Teletrabalho de seus funcionários do administrativo, prejudicando trabalhadoras, PCDs e novos empregados. O fato é que a direção da empresa tem ignorado solenemente a mobilização dos empregados do Sistema Petrobrás, ainda nesta semana serão realizadas assembleias para uma possível greve, caso a companhia continue com a intenção de impor, na marra, seu plano de retrocessos no Teletrabalho.