Gestão da empresa ignora papel da representação sindical no debate sobre segurança do trabalho
Após uma série de cobranças e reportagens que denunciam o punitivismo contra os empregados e como a redução de efetivos precariza as condições de segurança do trabalho e das instalações, a gestão da Transpetro resolveu promover encontros e debates sobre o tema, porém sem convidar a representação sindical para as atividades. Um exemplo dessa discriminação é a série de debates “Entendendo a Cultura da Segurança”, que no último dia 25/11 (quinta-feira) apresentou o webinar “Como a reação da liderança às falhas de segurança?” , que contou somente com a participação de gerentes.
Diálogo fica só na intenção?
“A empresa entende que há ‘assuntos internos’, mas o Sindicato entende que, em se tratando de SMS, a entidade sindical deve ser convocada para ajudar a elaborar as propostas, até porque um impacto ambiental, por exemplo, afeta não só os trabalhadores e a empresa, mas toda a sociedade civil” – analisa Denilson Argollo , diretor do Sindipetro-RJ.
É de se estranhar essa atitude da direção da Transpetro, quando na terça-feira (21/11) foi realizada com a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) uma reunião que contou com a participação do presidente recém-empossado há 40 dias, Luiz Eduardo Valente, que pontou sua fala em que pretende privilegiar o diálogo com as representações sindicais. Intenção, que pelo visto, ainda não foi assimilada aos seus comandados.
A bomba relógio da redução de efetivos
No fundo, o que se percebe é que a gestão da Transpetro quer passar a imagem de que investiga em vez de apenas punir, em caso de incidentes/ acidentes. No final das contas quer apresentar sua visão sobre gestão de SMS, usando o discurso neoliberal de imputar responsabilidades nos prepostos (gerentes), que por sua vez imputam responsabilidades aos técnicos de operação, para se eximir do uso da chibata.
A realidade que conforme avança o processo de desmonte e privatização do sistema Petrobrás, os problemas que envolvem SMS se acentuam e ganham proporção maior. É um verdadeiro efeito cascata que avança silenciosamente na empresa, enquanto ela apresenta lucros exorbitantes e distribuição de dividendos cada vez maiores aos seus grandes acionistas.
A cultura das punições
O contexto hoje na Transpetro envolve um processo progressivo de redução de efetivos que está culminando com esgotamento de operadores e técnicos que sofrem com extenuação física e mental, que aumenta o grau de risco operacional, com acidentes de trabalho e ambientais. Esse mesmo processo provoca abandono de instalações e equipamentos que se desgastam com a falta de manutenção, como acontece, por exemplo, nos terminais do TABG e TEBIG.
Assim como fez na reunião com o presidente da Transpetro, o Sindipetro-RJ denuncia que uma há uma gestão punitivista na empresa, em especial no CNCL, para o tratamento do que a gestão chama de erros e desvios no caso das chamadas “anomalias”, as chamadas derivações clandestinas (furtos de combustíveis em dutos), que são realizadas por quadrilhas do crime organizado. Ou seja, um problema de segurança pública. O fato é que os operadores não podem ser responsabilizados diante da situação.