Sobre os “documentos” apresentados por Rafael na prestação de contas

A ausência de provas diz muito sobre a (in)consistência das “denúncias” e sobre os verdadeiros interesses de seu autor. Mas nós fazemos questão de explicar o que ele não tem coragem de mostrar.

Na véspera da assembleia de prestação de contas do dia 10 de dezembro de 2019, Rafael anunciou nas redes sociais que levaria ao conhecimento de todos uma série de documentos que comprovariam suas denúncias.

Em vídeo posterior, afirmou ter apresentado “cinco itens com diversos documentos”. Neste texto, demonstramos a inconsistência de cada um desses.

FOLHAS 1 e 2

Tenta dar a entender que houve um reembolso indevido

Por tratarmos com austeridade as finanças da entidade, tais folhas são nada mais que a reclamação de um diretor que, enquanto não comprovou os gastos (bem abaixo do valor divulgado), o reembolso não foi efetivado, gerando um grande desgaste interno e o acúmulo de dívida durante longo tempo.

Uma das folhas, inclusive, é apenas uma – equivocada, diga-se de passagem – argumentação de tal diretor sobre quanto “vale” sua dedicação à entidade. Não é pedido de reembolso nem muito menos foi pago, mas está lá na série de “documentos” levados à assembleia.

A única coisa que se prova nestas folhas é que fomos corretos e cuidadosos ao não reembolsar valores indevidos…

FOLHAS 3, 4 e 5

Relatório sobre acesso aos computadores do setor financeiro

Com esse título, mais um “documento” bombástico… que “prova” apenas que os computadores do setor financeiro foram acessados por um diretor que ele julga que não deveria tê-lo feito. Como verificaremos em outro momento, não houve nenhuma irregularidade nesses acessos. Mas o fato é que esta “prova” não tem NADA a ver com prestação de contas, sequer o próprio Rafael levanta qualquer suspeita nesse sentido. É apenas mais um pedaço de papel para gerar confusão.

FOLHAS 6, 7, 8, 9 e 10

Tenta se opor a que o sindicato regularize passivos na receita federal

É isso mesmo, Rafael prefere denunciar “possível prejuízo de 300 mil a 1 milhão” a regularizar deslizes de gestões anteriores e manter uma fraude junto à Receita.

Para jogar mais uma “bomba” em grupos de zap de todo o país, primeiro apresenta uma carta dos empregados querendo discutir o assunto (o que foi garantido e pacificado, apesar das informações distorcidas pelo próprio junto aos empregados) e um recurso de votação com outros 5 diretores.

Diga-se de passagem, diretores estes identificados com distintos agrupamentos políticos, o que joga por terra também sua teoria conspiratória da “dominação” disto ou daquilo.

A diretoria entendeu que estava correta a decisão sobre a regularização da ilegalidade fiscal que Rafael queria encobrir. E, obviamente, o Conselho Fiscal e a Assembleia também achavam correta, já que tratava-se de corrigir erros!

FOLHA 11

Mistura sua opção partidária com a prestação de contas da entidade

Essa Fake News tem versões de ocasião: primeiro, tentava dizer que havia gastos não autorizados pelo Congresso da categoria. Depois que mostramos que as resoluções do mesmo sempre estiveram disponíveis online para desmascará-lo, mudou o “argumento”.

O “documento” apresentado é nada mais que uma mensagem dele mesmo solicitando relatório de gastos… que sempre esteve disponível para toda a diretoria através de software implantado nesta gestão.

Ainda que tenha todo o direito de defender o partido, a federação ou a central sindical de sua preferência, mistura a discussão política com a rigorosa utilização de verbas da entidade, dentro do que foi, repetimos, aprovado em congresso (http://bit.ly/congressosindipetrorj2019).

FOLHA 12

Da série “parece meme, mas não é”

 

A “prova” apresentada é uma foto de pedaço da capa de um suposto “dossiê” que ele diz que foi “roubado” e que de início ainda teve coragem de dizer que não tinha cópia porque o autor, com o qual age em parceria, administrador formado e concursado na Petrobrás, não tinha domínio de informática…

Depois de alardear tal “roubo”, obviamente imprimiram outra cópia, que foi analisada pela diretoria e considerada inconsistente, sem fundamento e, inclusive, criminosa pela forma como foi feita, buscando dar ares de ilegalidade ao que é absolutamente regular e de ciência da direção.

Se a diretoria estivesse toda “dominada”, a assembleia era obviamente um momento para publicizar e comprovar a denúncia. Entretanto, preferiu mostrar a foto do pedaço da capa de um suposto “dossiê”… que atinge a imagem e a honra de trabalhadores extremamente dedicados ao sindicato.

AUDITORIA

Mais preocupado com sua promoção pessoal / eleitoral, preferiu apresentar zero prova, não votar as contas e pedir uma auditoria.

Mesmo com membros da oposição ou não alinhados à atual direção do RJ presentes na assembleia, ninguém mais além do mesmo foi irresponsável a ponto de buscar jogar a entidade em uma situação irregular, baseada em ilações e preferências partidárias de Rafael.

Votando sozinho, em seguida se retirou, como fez nas poucas vezes em que participou das reuniões de direção. Provavelmente, para poder ficar de mãos livres para gravar mais um vídeo “bombástico” denunciando seiláoquê (como o linkado aí embaixo).

Aliás, outros setores da oposição ou não ligados à atual diretoria também propuseram, independente da aprovação das contas, uma auditoria e, no debate, a proposta consensuada foi não gastar R$ 50.000,00 ou mais em uma auditoria, já que não havia nenhum indício de qualquer irregularidade nas contas, mas fazer uma reserva financeira para a próxima gestão investigar as contas da atual, caso achasse necessário.

QUÓRUM DA ASSEMBLEIA E RESULTADO FINAL

Realmente o quórum da assembleia foi baixo. E infelizmente é sempre assim. Por um lado, porque não existe nenhum elemento que jogue suspeita sobre a gestão do sindicato a ponto de fazer as pessoas quererem investigar as contas com mais afinco ou muito menos rejeitá-las. Apesar disso ser positivo, melhor seria que, mesmo confiando na gestão do sindicato, os associados comparecessem mais. Fica aí o apelo.

Mas uma das tais “denúncias” sugere que alguém não sindicalizado ao Sindipetro RJ votou. Só sugere, não afirma, porque sabe que não é verdade. O fato de o Rio de Janeiro ter sindicalizados de outros estados, inclusive de pessoas que estão sendo transferidas em função do desmonte do Nordeste, é normal, é prática entre petroleiros serem filiados em mais de um sindicato, principalmente por querelas jurídicas. Havia, provavelmente, apenas três companheiros nesta situação e que têm todo o direito de votar, porque estamos discutindo sobre o patrimônio daqueles que contribuem financeiramente com a entidade, ou seja, dos próprios. Rafael “esquece” que, inclusive, temos na direção um diretor que é de outra base sindical, como eventualmente já aconteceu em outros sindicatos.

A mesa diretora da assembleia foi votada na abertura da mesma. Provavelmente por entender que Rafael não participou em nenhum momento da elaboração da prestação de contas e do orçamento elaborado e por sua postura nos últimos tempos e na própria assembleia, os presentes entenderam que este diretor, entre outros, não deveria fazer parte da mesa. Ainda assim, teve garantido o direito de apresentar suas pseudo “denúncias e provas”.

Além da ampla convocação do próprio sindicato, houve pelo menos três diferentes “convocações” públicas, da oposição ou não alinhados com a direção, questionando as contas ou chamando diretamente a rejeitar. Mesmo assim, houve apenas um voto contrário.

O debate e a comprovação contábil dirimiu dúvidas e superou os interesses eleitorais. Responsabilidade acima de tudo, esta foi a grande lição desta assembleia.

ASSÉDIO

Quem quis promover falsas denúncias acabou sendo denunciado em plena assembleia por outras graves atitudes, mas que serão objeto de textos posteriores e apuração por parte da direção e, por não estarem na pauta da assembleia, não foram debatidas. Mas com certeza virão à tona no devido momento.

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