XV Congresso FNP 2025: Terceirização como projeto de precarização

Painel debateu impactos da Terceirização no setor de petróleo e relembrou a luta dos trabalhadores por direitos, unidade sindical e valorização dos trabalhadores contratados

Durante o painel “Terceirização e Setor Privado”, o diretor do Sindipetro-LP e da FNP, Fábio Mello, destacou a trajetória de resistência dos petroleiros e petroleiras contratados frente aos sucessivos ataques promovidos pelos últimos governos. A aprovação da terceirização irrestrita e da Reforma Trabalhista simbolizou o avanço da precarização nas relações de trabalho, jogando milhões de brasileiros em contratos frágeis, com salários rebaixados e insegurança jurídica. “No setor petroleiro, isso se traduziu em privatizações agressivas, retirada de direitos e rebaixamento das condições de trabalho, um cenário que gerou forte resistência por parte da categoria, como, por exemplo, a luta unificada pela Tabela Salarial das Prestadoras de Serviço na RPBC”, disse Mello.

No entanto, ressaltou Fábio Mello, “os desafios persistem e somente com organização, consciência de classe e enfrentamento político será possível avançar na valorização dos contratados e na reconstrução de um projeto nacional voltado ao povo, e não ao capital”.

“Terceirização é uma tragédia planejada para dividir e explorar a classe trabalhadora”, afirmou José Evandro, trabalhador terceirizado da base do Sindipetro PA/AM/MA/AP.

Durante a sua participação no painel, José Evandro fez um relato contundente sobre a realidade vivida por milhares de terceirizados no País. Ele criticou duramente o modelo de terceirização, que, segundo ele, “não tem cenário bom em nenhum lugar do mundo” e serve apenas para aprofundar a miséria da classe trabalhadora.

Evandro destacou que, embora até os concursados vejam seus direitos ameaçados, ainda conseguem discutir temas como saúde e previdência, “um luxo distante” para os terceirizados.

“A terceirização é um projeto que divide a categoria, colocando uns contra os outros. Enquanto o trabalhador efetivo ainda tem alguma proteção, nós não temos sequer o direito de discutir o mínimo”, afirmou.

Ele relembrou os dias sombrios da pandemia, quando colegas foram enterrados em valas comuns em Manaus, sem direito a despedidas, assistência ou visibilidade.

Evandro também criticou a política de terceirização brutal e desumana da Petrobras:

“É a empresa que terceiriza, que precariza, que se recusa a contratar técnicos de segurança e que paga observadores de desvio como se fossem ajudantes. Isso é um crime contra o trabalhador”, afirmou.

“Não há solução justa dentro do modelo atual. Só a luta organizada da classe trabalhadora pode acabar com esse sistema. Precisamos de coragem para enfrentar o capital”, complementou.

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