Depois de deixar os vigilantes terceirizados dois anos sem férias e de só permitir que tirassem concretamente 20 dias, avisando na véspera (impedindo qualquer planejamento), obrigando-os inclusive, de modo fraudulento, a assinar como se tivessem sido informados com antecedência (a lei exige antecedência mínima de 30 dias), problema que ainda não está resolvido, a empresa Guard Angel continua acumulando desrespeitos em relação aos seus empregados lotados no EDISE, no EDIHB, no Aeroporto de Jacarepaguá e no galpão que a Petrobrás utiliza em Belford Roxo.
Além de ter atrasado o pagamento do salário em novembro de 2024, não pagou ainda a segunda parcela do 13º salário, que deveria ter sido paga em 20 de dezembro de 2024, e nem dá sinal de que vai pagar o salário relativo a dezembro no quinto dia útil (pra efeitos financeiros) de janeiro de 2025 (6 de janeiro). Em qualquer época do ano, essa situação já seria muito complicada. No final do ano (e início do ano seguinte), se torna ainda mais grave, tendo em vista que nessa época os trabalhadores costumam ter mais obrigações financeiras, além de quererem festejar o Natal e o Ano Novo com suas famílias.
Ao longo dos meses, a Guard Angel tem depositado a passagem e o tíquete alimentação de modo parcelado e muitas vezes com atraso, dificultando muito a organização financeira e a qualidade de vida dos vigilantes, cujo salário (cerca de R$ 2.100) é apenas aproximadamente R$ 700 a mais do que o salário-mínimo de 2024. Lembremos que o salário-mínimo, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), deveria ter sido quase R$ 7 mil no ano passado (o cálculo considera uma família de 4 pessoas). O trabalho dos vigilantes é, em geral, de bastante pressão psicológica (sendo que a Guard Angel não provê bem o atendimento psicológico, menos ainda de qualidade), de desgaste físico nas articulações e de exposição a risco de ser baleado e até de morrer.
Até onde pudemos apurar, a Petrobrás chegou a multar a Guarda Angel no ano passado, sendo que a multa significa, na prática, o não recebimento por parte da empresa terceirizada de uma ou mais parcelas do que a Petrobrás deveria pagar, de acordo com o contrato. Isso é importante, mas é muito insuficiente. Afinal, o problema não está resolvido e a Petrobrás já tem experiência pra saber que não é pequeno o risco da Guard Angel não apenas não regularizar tudo o que precisa, mas também abandonar o contrato, deixando os vigilantes sem receber sequer a rescisão. Se isso acontecer, será um repeteco da péssima situação ocorrida com a Esquadra, que, aliás, ainda está pendente de resolução no judiciário pra diversos trabalhadores.
Mais uma vez, ressaltamos o óbvio: a Petrobrás não é obrigada a terceirizar. Se opta por terceirizar, o correto é que garanta o pagamento dos trabalhadores em questão. E, em paralelo, a Petrobrás que cobre da empresa terceirizada ressarci-la por obrigações não cumpridas. Se necessário, judicialmente. A Petrobrás já tem experiência pra conhecer o setor de empresas de vigilância. Precisa construir uma alternativa a esse filme trash cujo roteiro, prejudicial aos trabalhadores, já conhecemos.