O Sindicato recebeu denúncias de que os vigilantes terceirizados que trabalham na Petrobrás em quase todo o Rio de Janeiro estão sendo coagidos pela empresa Front a pedirem demissão, por meio de carta de próprio punho, para poderem ser aproveitados pela empresa Guard Angel, que, pelo que comentam, vai substituí-la na área de segurança patrimonial.
Isso é uma chantagem, utilizada pelos patrões, num momento em que, à alta taxa de desemprego estrutural, se soma um grande aumento conjuntural do desemprego, decorrente da forma como o governo e os patrões em geral lidam com a pandemia do coronavírus, entre outros fatores. Uma chantagem especialmente covarde, pois está muito difícil conseguir um emprego.
Essa chantagem, utilizada pela Front pra não pagar as verbas rescisórias aos trabalhadores, está sendo realizada num contexto em que muitos vigilantes foram demitidos pela Esquadra (antecessora da Front) no final do ano passado e no início deste ano. Grande parte deles continua em busca de emprego, com muita dificuldade pra sobreviver. E tanto os demitidos quanto os que permaneceram sofreram um calote por parte da Esquadra relativo à metade de dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
E a Petrobrás, mesmo tendo, no momento inicial do calote, pedido aos vigilantes pra se manterem em seus postos, porque ia resolver a questão, se recusa a pagar os vigilantes com as faturas retidas do contrato com a Esquadra por essa empresa ter abandonado o serviço.
O Sindicato tem ajudado esses trabalhadores com cestas básicas, mas isso é muito pouco, embora essencial. Eles precisam de emprego, de recursos financeiros condizentes com as necessidades de qualquer família no dia a dia.
Petrobrás deve explicações
A Guard Angel, que, aparentemente, vai substituir a Front, é conhecida como uma empresa que aplica sistematicamente calote nos trabalhadores (https://www.youtube.com/watch?v=U8220H0rsqM) . Muitos vigilantes temem, inclusive, nem receber os primeiros meses. Temem também que essa empresa seja mais uma a rapidamente largar o contrato e gerar mais uma onda de demissões e de calote no contexto do abandono.
A Petrobrás a contratou mesmo sabendo disso? A Petrobrás não está nem aí para os trabalhadores em questão? O que a Petrobrás ganha com isso? Parece conivência. É sempre bom lembrar que a Petrobrás não é obrigada a terceirizar a atividade de vigilância (nem qualquer outra). É uma escolha empresarial, que acaba acentuando a superexploração dos trabalhadores.