Acidente escancara mais uma vez que descaso com treinamento e acordo coletivo de trabalho que preze pela proteção da saúde e da vida cobrarão preços altos contra a vida dos trabalhadores
A morte aconteceu no Campo de Siririzinho, que integra o Polo de Carmópolis, vendido pela Petrobrás em 2022 para o grupo espanhol Cobra, dono da CarmoEnergy. Sindipetro-RJ presta solidariedade à família do trabalhador.
Vigilante de profissão, mas em uma atividade petroleira, Douglas Alves, de 30 anos, morreu após ser atingido por um equipamento de extração de petróleo, no Povoado Bonfim, município de Divina Pastora, na noite de terça-feira (07/01). Ele trabalhava há nove anos na empresa NC Vigilância, que presta serviço para CarmoEnergy.
O campo de Siririzinho, onde Douglas Alves trabalhava, pertencia à Petrobrás, integrando o Polo de Carmópolis, que foi vendido para a CarmoEnergy em 2022, por US$ 1,1 bilhão (R$ 6,6 bilhões, na cotação atualizada).
Terceirizados morrem cada vez mais no segmento de petróleo e gás
Infelizmente, o triste episódio mostra que as mortes com terceirizados ocorrem cada vez mais em áreas de produção e refino de petróleo, indo além das instalações do sistema Petrobrás.
Em 2024, aqui na base do Sindipetro-RJ foram registradas mortes de trabalhadores terceirizados: dois trabalhadores da Olicampos, que atuavam no TEBIG, terminal da Transpetro em Angra dos Reis, morreram em uma passarela na estação de tratamento de efluente (ETE), m 27/11.
Ainda, em outubro do ano passado, aconteceram outras mortes de trabalhadores terceirizados no sistema Petrobrás, incluindo uma no Complexo Boaventura, em Itaboraí-RJ e outra no terminal de Cabiúnas, Macaé-RJ.
Privatização contribui também para as mortes no setor
O vigilante Douglas Alves foi morto após um choque torácico, conforme constatado pelo IML local, atingido por um equipamento de extração de petróleo conhecido como cavalo.
Se voltássemos no tempo, a operação e a inspeção de segurança deste cavalo mecânico estariam sendo executadas por pessoas empregadas da Petrobrás, com treinamento e experiência, aplicando o padrão Petrobrás.
É preciso deixar claro que tanto os processos de terceirização como os de privatização, precarizam as condições de trabalho no segmento de petróleo e gás. Seja no sistema Petrobrás ou em outras empresas como a CarmoEnergy.
O Sindipetro-RJ acredita neste momento ser necessário pautar um debate com o governo, a partir dos ministérios do Trabalho e Emprego e Ministério de Minas e Energia; ANP; Petrobrás; sindicatos; e junto a grande mídia.
Não é mais possível que esses trabalhadores que cumprem funções, como a de Douglas Alves, um vigilante, em áreas indústrias e de produção de petróleo e gás, não sejam devidamente inseridos no contexto da Segurança do Trabalho. Eles devem receber suporte e proteção adequada, dado ao risco que passam nessas instalações como a de Siririzinho. Não podemos considerar esse caso como mais uma mera fatalidade que ocorreu durante uma ronda de rotina. Esses trabalhadores integram sim o processo produtivo da indústria de petróleo e gás e não podem mais serem invisibilizados.
Douglas Alves, presente!
Imagem em destaque – Arthuro-Paganini/Governo do Estado de Sergipe