O saldo de mortos e desaparecidos de Brumadinho, bem como o enorme dano ambiental, resulta de um sistema que mostra a cada dia seu esgotamento, comprometendo a vida das pessoas por uma impunidade ladeada por todo tipo de irresponsabilidade.
O “acidente” de Mariana ganha novos contornos a partir dos crimes contra Brumadinho. Nada se aprendeu ou se modificou na legislação para evitar novos colapsos. Pior, tanto o atual presidente da República quanto o atual governador de Minas Gerais falavam em desburocratização, flexibilização das normas ambientais que, pretensamente, atrasavam o desenvolvimento, o progresso, pois eram muito rígidas… ineficientes.
O capitalismo das mineradoras, defendido pelo discurso liberalizante do progresso a qualquer custo, transforma as montanhas de Minas Gerais em represas de lama. Daí, por falta de fiscalização e planejamento a conta é repassada dos proprietários e acionistas da Vale para os trabalhadores e a população. Agora é Brumadinho, ontem foi Mariana (2015) e anteontem Miraí (2007). Essa é a capacidade da gestão privada.
A China demanda a voracidade do monstro
Seu crescimento veio com o desenvolvimento do capitalismo pelo mundo afora, com impulso da China, o maior cliente da empresa. Em informe da agência chinesa de notícias Xinhua, nos últimos 20 anos ocorreu um dos maiores processos de urbanização de um país em tão pouco tempo. Em 2017, cerca de 814 milhões de pessoas viviam nas áreas urbanas, o que corresponde a 58,52% de sua população. Até o ano de 2020, o governo chinês pretende assentar mais 100 milhões de migrantes em suas áreas urbanas. São investimentos na continuidade da urbanização, infraestrutura, produção de automóveis e maquinário.
Acionistas
A Vale pertence a vários donos, tendo 47% de sua composição acionária nas mãos de investidores estrangeiros, com 13,2% de investidores nacionais e outras fatias divididas entre o Bradesco, BNDES e os japoneses da Mitsui & Co, entre outros investidores pulverizados, como pode ser verificado no gráfico acima.
Ainda, possui sócios como a BHP Billiton – mega-empresa anglo-australiana, que participa da subsidiária Samarco, responsável pela tragédia de Mariana.
Subserviência e subdesenvolvimento
A Vale, dona dos empreendimentos com as barragens de rejeitos, privatizada no governo de Fernando Henrique Cardoso em 1997 por R$ 3bi – em papéis podres da dívida pública, mesmo quando detinha reservas avaliadas em R$ 100bi, é hoje um monstro de várias cabeças que consome montanhas, trabalhadores, cidades e vidas. Contraditoriamente, uma empresa que nasceu para o desenvolvimento nacional cumpre, agora, outro papel, de saque e exploração das riquezas nacionais, sem um real cuidado com seus trabalhadores, operações ou com o país.
Por tudo isto, fica cada vez mais claro, para a população em geral, que privatizar faz mal ao Brasil!
Versão do impresso Boletim CVI