De acordo com os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil, 180 mulheres são estupradas a cada dia – em sua maioria (54%) meninas de até 13 anos de idade.
Esses números se referem aos casos notificados à polícia. Contudo, isso representa apenas 7,5% dos casos, o que significa que esses números se multiplicam, tornando esses dados ainda mais alarmantes e revoltantes.
Os mesmos dados revelam que 75,9% das vítimas conheciam seu abusador (parentes, companheiros, amigos, etc).
Além desses dados, o que mais nos assombra é perpetuação e naturalização do que pesquisadoras e ativistas têm chamado de ”cultura do estupro”, que prega a culpabilização da vítima pelo seu estupro. Um exemplo dessa cultura são os dados do Fórum de 2016, em que, 43% dos brasileiros do sexo masculino e acima dos 16 anos, afirmam que “*mulheres que não se dão ao respeito são estupradas”.
Foi nessa linha que o advogado de defesa do acusado, Claudio Gastão, buscou desqualificar a denúncia de Mariana, justificando a violência sofrida por ela em função de seu comportamento, poses, sua atividade de digital influencer, etc., classificando como “estupro culposo” – argumentação incoerente e inexistente na legislação brasileira.
Na verdade, as cenas do julgamento como um todo revelam o machismo, o constrangimento, a culpabilização e a humilhação a que são expostas as mulheres vítimas de violência sexual que registram a ocorrência. Mais estarrecedor ainda é saber que esse show de horrores ao qual Mariana foi submetida e permitida naquela instituição não é a exceção, mas o padrão de como as mulheres vitimas de violência são tratadas nesse país, sendo esse um dos principais motivos pelos quais a grande maioria não registra os casos.
Agora, imaginem essa batalha que está sendo travada por Mari, sendo travada por uma mulher negra ao qual se somaria o racismo. E uma mulher lésbica, para quem se dirigiria também ataques lesbofobicos e a cultura do estupro corretivo. E uma mulher pobre, com menos instrução que Mariana. E se esta fosse feita por uma mulher fora dos padrões de beleza, o quanto sua denuncia seria ainda mais desqualificada e desacreditada. O que elas-nós escutaríamos? E uma mulher que somasse tudo isso?
Nossa luta é gigante! Precisamos de todas! Precisamos de todos!
#justicapormarianaferrer
#naoexisteestuproculposo
#justicaparatodas
GT de Diversidade e Combate às Opressões
Sindipetro-RJ
FNP