Conhecida defensora das privatizações, a colunista Miriam Leitão, do Globo, após dizer que o programa de privatização do governo Bolsonaro começou ‘de forma tímida’, criticou o modo como estão sendo realizadas as vendas de ativos na Petrobrás. Uma crítica, obviamente, feita do ponto de vista do capital, de quem deseja mais privatizações, mas que ao mesmo tempo mostra o quanto a intenção de Bolsonaro e Castello Branco é desconstruir por completo o Sistema Petrobrás. Segundo Miriam, “mesmo quando acontece (a privatização), como no caso das subsidiárias da Petrobrás, falta visão estratégica. A estatal quer sair de todas as áreas para focar em produção de óleo e gás. As empresas de petróleo no mundo fazem diferente: querem ser empresas de energia e por isso aumentam o investimento em fontes não fósseis como as de energia renovável, que são o futuro”, conclui a colunista.
A conclusão óbvia é que somente por ignorância ou falta de caráter pode-se defender a política de Castello Branco.
Petrobrás enxuta (e desmontada)
O Valor Econômico destaca que os próximos anos prometem ser de profundas transformações para a Petrobrás, que caminha para se tornar menor, concentrada apenas nos projetos de maior retorno e com foco em exploração e produção de óleo e gás. A publicação lembra que “o atual plano de negócios da Petrobrás prevê a saída da companhia de campos maduros em terra e águas rasas, da petroquímica Braskem, dos setores de transporte e distribuição de gás natural e da produção de biocombustíveis e fertilizantes. E que, além disso, a empresa vai reduzir sua fatia no refino, concentrando-se cada vez mais no Sudeste, vendendo todas as suas refinarias fora do eixo Rio-São Paulo e suas participações em campos terrestres e em águas rasas — concentrados, sobretudo, no Nordeste”.
Em nome de uma suposta concentração em exploração e produção de petróleo e gás, o que se trata, na verdade, é do desmonte do conceito de empresa estatal criada para se constituir num sistema completo de produção, exploração, refino e distribuição de petróleo e derivados, marco que foi do desenvolvimento nacional.
Petrobrás/Fase Vinculante/Venda de Campos Terrestres
Veículos de imprensa informaram que a Petrobrás anunciou o início da fase vinculante no processo de venda dos campos terrestres de Dó-Ré-Mi e Rabo Branco, localizados na Bacia de Sergipe-Alagoas. A Petrobrás tem 50% de participação nos campos, e a outra metade está em poder da Petrogal Brasil.
Os ataques políticos e ideológicos da gestão Bolsonaro/Castello Branco sobre a região Nordeste mostram-se continuamente, trazendo graves consequências econômicas e sociais àquela região.
BNDES: venda de ações da Petrobrás
De acordo com a Reuters, a Petrobrás divulgou junto à reguladora do mercado norte-americano, SEC, prospecto sobre operação que prevê a venda de ações da companhia pelo BNDES. O banco poderá vender até 734,2 milhões de ações ordinárias da companhia. Esta oferta de ações, na prática, representa mais uma forma hipócrita e subreptícia de contribuir para a privatização do Sistema Petrobrás.
Nova composição do Bunker
Entrou em vigor na semana passada a determinação da Organização Marítima Internacional (IMO) para a nova composição do óleo combustível utilizado por navios, conhecido como bunker. A norma definiu a obrigatoriedade da redução do limite máximo de teor de enxofre no combustível, de 3,5% para 0,5%. Nesse quesito, o Brasil tem um diferencial, já que o petróleo local possui naturalmente baixo teor de enxofre.
A Petrobrás informou ao jornal Valor Econômico que todas as suas refinarias têm condições operacionais de produzir o bunker com baixo teor de enxofre e que a produção da empresa é suficiente para atender o mercado doméstico e ainda exportar o excedente.
Portanto, a nova determinação da IMO 2020 é mais um elemento a demonstrar o quanto são totalmente absurdas as vendas de refinarias pretendidas pela Petrobrás.