Nesta quarta (17), a Petrobrás anunciou que decidiu manter a metade dos trabalhadores em teletrabalho permanente, por no máximo 3 dias por semana, tornando-se o caso mais exemplar de mudanças empresariais trazidas pelo coronavírus. No momento, a empresa afirmou que o programa só contempla funcionários da área administrativa, que a migração será opcional e que visa atingir mais de 10 mil trabalhadores.
Desde o início da pandemia no Brasil, os petroleiros da área administrativa estão cumprindo o isolamento de forma a conter a disseminação da COVID-19, mas até o momento a Petrobrás não cumpriu com exigências importantes a este tipo de trabalho.
Longe do ambiente da empresa, pelo menos 21 mil funcionários da área administrativa assumiram os custos com uma estrutura necessária para o exercício das atividades como são as redes de telefonia e internet.
O Sindicato tem recebido, por exemplo, denúncias sobre a falta de respeito de chefes com o tempo da jornada diária e a vida privada dos trabalhadores que chegaram a comentar que estão “indo dormir com a roupa do trabalho”.
Há ainda questões referentes à ergonomia, que nem começou a ser discutida pela Petrobrás, pois nenhum dos ofícios enviados pelo Sindicato sobre teletrabalho foi respondido até o momento.
Antes de anunciar, durante o isolamento, que vai manter uma grande parte dos empregados no teletrabalho, a
empresa deveria ter debatido a proposta com os sindicatos, mas se firma cada vez mais como uma gestão bolsonarista, que visa apenas os lucros de acionistas e despreza totalmente a força de trabalho e seus representantes.
Vale ressaltar que a Reforma Trabalhista formalizou o teletrabalho, mas a CLT determina que o empregador poderá realizar a alteração entre regime presencial e de teletrabalho, desde que haja mútuo acordos entre as partes, registrado em aditivo contratual.