Por Rosa Maria Corrêa
Riqueza gerada pela Petrobrás não chega no bolso dos petroleiros, nem da população
O anúncio de que a maior estatal do Brasil registrou recorde na exportação de petróleo no ano passado com uma alta de 33% em relação aos resultados de 2019, comprova a estratégia de Brasil colônia adotada pela hierarquia da empresa, pautada na falta de compromisso com a saúde dos petroleiros. Não houve contingenciamento para a preservação das vidas, como o Sindicato solicitou no início da pandemia. Ao contrário, a empresa lançou inclusive programas para garantir o aumento da produção nas plataformas. Vale lembrar do aumento do POB ( People on Board) em todas as plataformas em julho, colaborando para a disseminação do coronavírus. (http://sindipetro.org.br/petrobras-aumenta-pob-no-meio-da-pandemia-mas-quer-manter-escala-21-x-21/). Isto considerando que o Pré-Sal respondeu por 66% do volume produzido pela empresa em 2020.
Há também outros fatores envolvidos nesses resultados, como a observação econômica de que houve no mesmo período uma retração na demanda por causa da pandemia e a consequente baixa de preços do petróleo no mercado internacional. Então, é certo que a exportação realizada pela Petrobrás beneficiou outros países. E no mercado interno? Quais benefícios os brasileiros obtiveram, especialmente considerando que a importação de combustíveis é favorecida pela nefasta política de preços da Petrobrás?
Para os petroleiros, por exemplo, a empresa foi intransigente como sempre e pressionou a categoria a aceitar no final de 2020 uma PLR (Participação nos Lucros e Resultados) alinhada aos interesses dos especuladores.
Outros recordes registrados em 2020 foram: 2,28 milhões de barris/dia na produção isolada de petróleo; 2,8% na produção de derivados; e 10,2% na produção de petróleo e gás natural. Porém, os brasileiros estão pagando preços absurdamente altos tanto nas bombas dos postos quanto nas distribuidoras de botijões de gás de cozinha. Quem não pode pagar pelo combustível não trabalha mais com carro ou não faz mais trajetos longos, que é o caso dos caminhoneiros. E, na cozinha, muitos brasileiros em vulnerabilidade passaram a cozinhar com lenha!
A situação é caótica. E Roberto Castello Branco – defensor da privatização – está trabalhando com empenho para desmontar e privatizar fatias da empresa. Em videoconferência na quarta (03), antes de se exibir em reunião com o Conselho Empresarial Brasil China, ele anunciou os recordes com extrema satisfação aos jornalistas de plantão.
O Sindipetro-RJ luta contra a privatização e defende uma Petrobrás 100% estatal e voltada para os interesses do povo brasileiro.