Abutre se dará bem na Petrobrás ?

Rodolfo Landim, denunciado pelo MPF por fraude na Petros é escolhido pelo governo Bolsonaro para a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás

No último sábado (05/03), por meio de um informe de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobrás indica que o governo Bolsonaro indicou o nome de Rodolfo Landim, atual presidente do Flamengo, para presidir o Conselho de Administração da Petrobrás.

Apesar do claro conflito de interesse, pois Landim é alvo por parte do Ministério Público Federal (MPF) de um indiciamento em julho de 2021 por gestão fraudulenta contra fundos de pensão, incluindo o PETROS. A Justiça deferiu o indiciamento em dezembro de 2021.

Investimento furado

Segundo o MPF, o esquema ocorreu entre 2011 e 2016, captando mais de R$ 585 milhões de outros fundos de pensão como VALIA (Vale), Real Grandeza (FURNAS), FORLUZ (CEMIG), BANESPREV (Banespa), Economus (Banco do Brasil/Nossa Caixa) e Santander. Os denunciados, Luiz Rodolfo Landim Machado, Nelson José Guitti Guimarães, Demian Fiocca, Geoffrey David Cleaver e Gustavo Henrique Lins Peixoto, atuaram como representantes das empresas Maré Investimentos e Mantiq junto aos diretores dos fundos de pensão. Essas duas instituições foram as gestoras do FIP Brasil Petróleo 1.

As investigações revelaram que os gestores da Maré e da Mantiq participaram ativamente das negociações que driblaram a regulamentação do FIP, que, segundo a norma vigente, não era permitido realizar investimentos de fundos de pensão em empresas estrangeiras, mas apenas nacionais. Ocorre que os denunciados tinham por objetivo investir, desde o início, na empresa americana Deepflex. O dinheiro foi irregularmente remetido para o exterior e a Deepflex incidiu em falência, desaparecendo todo o recurso financeiro que havia recebido. Mais, na matéria do Sindipetro-RJ (https://sindipetro.org.br/fraudes-contra-fundos-de-pensao-quando-a-raposa-se-apossa-do-galinheiro/ )

“Diga com quem andas, que te direi quem és”

Landim atuou no sistema Petrobrás por 26 anos quando ocupou diversas funções gerenciais, nos governos de FHC e Lula, na área de Exploração & Produção, chegando, no período, à diretoria da PETROBRÁS e a presidir a, agora, privatizada BR Distribuidora (entre 2003 e 2006) e a GASPETRO (entre 2000 e 2003), em processo de privatização.

Posteriormente, saiu da empresa para se associar com Eike Batista na OGX, tendo uma relação conflituosa com o sócio que culminou com um processo judicial.

Em 2019, se afastou de sua empresa, a Ouro Preto Óleo e Gás, criada para se beneficiar das privatizações da Petrobrás, sendo vendida para um fundo de investimentos. Ao longo de sua gestão como presidente do Flamengo Landim conseguiu uma aproximação com o presidente Bolsonaro que assistia jogos do clube com frequência. Pelo visto, o passado de Landim e a “amizade boleira” com Bolsonaro deram frutos.

A indicação de Rodolfo Landim expressa a falácia do compliance, da governança corporativa na Petrobrás, e a possibilidade de protegê-la dos conflitos de interesses dos agentes do mercado. ( https://sindipetro.org.br/conflito-de-interesses-na-petrobras-e-tratado-como-um-mero-detalhe/)

Mais uma vez a Petrobrás está sendo esquartejada, dividida entre donatários do mercado financeiro que abocanham ativos a preço de banana. Que ainda fazem a farra financeira embolsando dividendos antecipados, às custas de uma política de preços dolarizada que tira a capacidade da empresa em se manter estratégica e indutora para o desenvolvimento do Brasil.

Finalizando, o Sindipetro-RJ segue na luta para uma Petrobrás 100% estatal , sob a gestão dos trabalhadores e acredita que o processo de escolha dos gestores da empresa precisa ser amplo e democrático, com a categoria decidindo quanto a sua própria direção.

Quanto do patrimônio de Landim, seu interesse privado – está vinculado aos rumos da Petrobrás?

Qual é a honestidade e legitimidade de uma indicação do Governo Bolsonaro ao Conselho de Administração da Petrobrás de um sujeito denunciado por fraudar as aposentadorias dos próprios trabalhadores da Petrobrás?

 

Imagem Twitter/Paparazzo Rubro Negro