Mulheres do Rio já organizam o 8 de março (8M)

Com a proximidade do 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, já são organizados eventos para dar visibilidade a luta por direitos e respeito as suas especificidades. No Rio, trabalhadoras de diversos segmentos reuniram-se na Casa da Mulher Trabalhadora, CAMTRA, na terça-feira, dia 30 de janeiro, na primeira plenária para organização e construção de atividades para o ‘8M’.

O encontro teve participação de mais de 100 mulheres de organizações femininas, sindicatos, centrais sindicais, partidos políticos, mandatos e outras. Este ano, o calendário da CAMTRA, distribuído para as participantes, homenageia Audre Lorde, escritora, negra, feminista, lésbica e defensora dos direitos civis.

A pauta é extensa. Entre os desafios para construção do 8 de março, no Rio de Janeiro, foram apontadas a necessidade de desenvolver estratégias para aumentar a participação feminina na organização, com espaço para que mães e seus filhos se sintam acolhidos, sem que a maternidade seja um empecilho; redigir manifesto que paute as demandas das mulheres respeitando suas diversidades, articulado com pautas nacionais e mais gerais dos trabalhadores e trabalhadoras.

As dezenas de eixos de atuação e luta sugeridos na plenária englobam a defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, pelo aborto legal, contra todas as iniciativas parlamentares que visem criminalizar mulheres, como a PEC 181; denunciar o enorme encarceramento da população feminina, com presas que sequer foram condenadas; denunciar todas as formas de violência contra as mulheres, pontuando violências específicas que vitimam negras e indígenas, em decorrência do racismo, e mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, por sua orientação sexual ou identidade de gênero; denunciar a super exploração do trabalho feminino, com dupla e tripla jornada de trabalho; lutar por creches de qualidade, em horário integral, que atendem aos direitos de mulheres e crianças; denunciar o desmonte das políticas de saúde e do Sistema Único de Saúde; dar visibilidade à situação de vulnerabilidade em que se encontram as mulheres vivendo com HIV AIDS; defender os direitos das mulheres a liberdade religiosa, denunciando a intolerância a que tem sido submetidas as mulheres de religiões de matriz africana; ressaltar as especificidades das lutas das mulheres em seus territórios de moradia, principalmente as favelas.

A próxima reunião será dia 6 de fevereiro, às 18h, na Rua Álvaro Alvim 37- 4º andar, Cinelândia, sede do CSP Conlutas – RJ.

Informes do Movimento Internacional:

*Espanha – Tirou 4 eixos de luta: greve de trabalho doméstico, greve de trabalho produtivo de 24h, greve de consumo, ou seja, não comprar nada que não seja absolutamente essencial nesse dia, e greve estudantil de 24h.

*EUA – Também tirou 4 eixos: Antimilitarismo, Degradação ambiental, Racismo estrutural e Pobreza.

* Portugal – O eixo é “mexeu com uma, mexeu com todas” e está articulando a greve geral com os sindicatos.

* Bolívia – A realidade que mais se aproxima do Brasil, pois 85% das pessoas que trabalham na informalidade são mulheres. Fará greve geral de 1h.

* Peru – O movimento terá o tom de crítica e contestação ao indulto concedido a Fujimori, por todas as violações dos direitos humanos, principalmente às mulheres originárias e de reação às centenas de esterilizações forçadas de mulheres peruanas.

* Argentina – Está negociando a greve geral com os sindicatos e organizando o 8 de março com assembleias com mulheres mapuches e periféricas. Entre os principais eixos estão os direitos reprodutivos, a defesa da terra e das mulheres originárias.

* Irlanda – Debaterá a lei do aborto, proibido na Irlanda.

* Itália – Não fará greve porque o 8 de março cairá próximo às eleições e a legislação não permite. Está focando no NO UNA DI MENO (o Ni Una Menos argentino) e deve reunir uma multidão como em 2017, quando 200 mil mulheres foram às ruas de Roma no 8/03.