BR privatizada aposta na venda das refinarias da Petrobrás

Obviamente, mesmo após a privatização, a gigante BR Distribuidora continua a ter papel estratégico na expansão do mercado de distribuição. Em recente entrevista, o presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, afirmou que vai utilizar a liderança da BR no mercado para obter vantagem quando houver a abertura do setor de refino à iniciativa privada. Grisolia está apostando na venda das oito refinarias da Petrobrás, conforme o sonho dourado de Roberto Castello Branco e a lista de privatizações de Paulo Guedes. Grisolia ainda explica que irá negociar com os futuros compradores das refinarias questões como investimentos em logística e comercialização de novos produtos.

No rastro de destruição da Petrobrás, depois da venda do controle da nossa lucrativa BR Distribuidora em janeiro passado, a venda das refinarias está no pacote de prioridades de Castello Branco. Para convencer a opinião pública de que de nada adianta ter um parque próprio de refino e que a privatização vai forçar a redução dos preços dos derivados de petróleo, a gestão da Petrobrás mantém os preços dos combustíveis e do gás de cozinha dolarizados, garantindo, principalmente, o preço de paridade de importação. Irônico, Grisolia ainda disse que “a BR não se vê como produtor. Não somos refinadores, nem produzimos etanol. Agora, o que tem a partir do portão de uma refinaria ou de uma usina é a nossa vocação. É nisso que estamos concentrados”.

O que está sendo feito pelo governo Bolsonaro é o fatiamento da empresa para um desmonte profundo da estrutura da Petrobrás. Construída por um quadro de trabalhadores qualificados, com investimentos em setores onde a iniciativa privada nunca demonstrou interesse – como por exemplo, na pesquisa, na tecnologia de prospecção e nos postos da própria BR localizados em cidades de difícil acesso – a Petrobrás tornou-se a maior empresa da América Latina. Mas, na linha do capital, as multinacionais tomam posse, pagando pouco, do que já está construído e pronto para obter somente o lucro. Por isso, Castello Branco está empenhado em realizar ” desinvestimentos “. As oito refinarias serão divididas em grupos; um concentrado nas regiões norte e nordeste e outro no sul, além da REGAP no sudeste.

A Shell, que junto da Cosan forma a Raízen, uma das principais concorrentes da BR, já demonstrou interesse. Certamente a política de preços de combustíveis e as “parcerias” celebradas com a Petrobrás deu uma forcinha no caixa da concorrência para adquirir estes ativos.

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