Enquanto o Brasil consolida um vergonhoso segundo lugar no ranking mundial da COVID-19, beirando 1,5 milhão de infectados e 60 mil mortos, os gestores da Petrobrás seguem flertando com a tragédia, com descumprimento de protocolos seguros para evitar a proliferação da doença e gerando situações de alto risco para a vida dos seus trabalhadores.
O caso do COMPERJ é emblemático: trata-se de uma instalação não operacional, ainda em obras, portanto sem qualquer relação com atividades essenciais (às quais cabe discussão sobre necessidade de trabalho presencial). Absurdamente, um acordo sem nosso envolvimento, entre as empresas contratadas e a prefeitura de Itaboraí, consentido pela gestão da Petrobrás, determinou a retomada da obra contando com 100% do pessoal terceirizado no site. Isso corresponde a cerca de 4 a 7 mil pessoas! É completamente impossível garantir condições seguras para esse contingente no ápice da pandemia, uma vez que há locais onde é inevitável a aglomeração, como refeitórios, vestiários, entrada e transporte. Além de haver atividades inerentes à obra em que necessariamente ocorre atuação em grupo, sem distância segura entre os trabalhadores.
Não bastassem esses absurdos, agora até mesmo a gestão da Petrobrás está forçando a retomada das atividades presenciais para determinados grupos de funcionários próprios!
O resultado dessa desastrada irresponsabilidade é desolador. Já se tem conhecimento de centenas de pessoas infectadas com a COVID-19 no local, além de 6 óbitos, sendo 5 deles de maio para cá.
Seguir com essa decisão de manter as obras é compactuar com a necropolítica do governo de Bolsonaro! Os gestores, ao revogarem imediatamente a decisão de retomada, têm uma última chance de não ficarem marcados na história como responsáveis por uma decisão totalmente inconsequente, cujo resultado será a proliferação fora de controle da doença e a morte de um número imprevisível, evitável e inadmissível de pessoas!
Parem as obras do COMPERJ, mantendo os empregos e a renda! É necessário por um lado salvar a vida das pessoas e por outro, não jogá-las em situação de extrema vulnerabilidade nem agravar a recessão!
O atuais gestores, presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, e o Diretor Executivo de Desenvolvimento da Produção, Rudimar Lorenzatto, deveriam saber que a vida deve vir antes dos cifrões!