Castello Branco: do feirão Petrobrás ao CA da 3R Petroleum

Dono da Feira, Paulo Guedes se beneficia com sigilo imposto por Bolsonaro ao celular corporativo do ex-presidente da estatal

Neste ano, em escancarado conflito de interesses, a 3R Petroleum empossou o ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, com mandato até 2024 como membro do Conselho Administrativo da empresa. No mês passado, o ex-gerente da Petrobrás, José Luiz Marcusso assumiu o cargo de gestor de ativos na 3R.

Durante a passagem da dupla Castello Branco-Marcusso na Petrobrás, grande parte dos ativos da estatal foram vendidos por valores muito baixos e uma das compradoras foi justamente a 3R!

Vamos, então, refrescar nossa memória com fatos relevantes, como a Petrobrás gosta de nomear seus comunicados.

Bom gestor para quem?

Marcusso, além de ter cometido assédio quando foi gerente de RH, chegou a ser premiado como gerente de E&P no Espírito Santo. Ele foi um dos responsáveis pela venda de ativos da Petrobrás, em fevereiro de 2021, o Polo Peroá, por US$ 55 milhões (cerca de R$ 300 milhões em câmbio atualizado), para a própria 3R Petroleum, seu novo patrão – um valor que equivale a quatro meses de produção! Saiba mais https://sindipetro.org.br/novos-empregos-e-grandes-negocios/

Petrobrás compra gás de polo vendido

A venda de Peroá, polo na Bacia do Espírito Santo, para a 3R foi concluída no início do mês passado para uma subsidiária da 3R e de forma imediata a companhia começou a operar afirmando em nota que “o incremento fortalecerá a independência da companhia no mercado”. Porém, menos de 15 dias depois, noticiou evolução ao fechar acordo de venda de gás por preço “satisfatório” para a Petrobrás!

E a 3R ainda divulga que pretende repetir o negócio no Polo Macau, Rio Grande do Norte, que adquiriu da Petrobrás em 2020. Vale citarmos aqui que outra empresa amplamente beneficiada com os baixos preços de venda praticados por esses gestores na Petrobrás foi a Shell e, não por acaso, quem também entrou para o CA da 3R é a responsável pelas áreas de estratégia e sustentabilidade da Raízen (leia-se Shell).

Seguindo a cartilha de Guedes

Roberto Castello Branco entrou na Petrobrás para manter o preço dos combustíveis em alta, seguindo o famigerado Preço de Paridade de Importação (PPI) e acabar de vez com a estatal, privatizando ao máximo num plano acelerado de desestatização conforme desejos de Paulo Guedes. Seu nome foi divulgado e apoiado por Michel Temer em novembro de 2018 quando já se sabia que o próximo presidente do Brasil seria Jair Bolsonaro.

Bolsonaro e Castello Branco

Em janeiro de 2019, enquanto Bolsonaro tomava posse em Brasília, Castello Branco se sentava na cadeira da presidência da Petrobrás. O economista priorizou completamente a entrega de ativos, aumentando os dividendos aos acionistas. Em
apenas seis meses, Castello Branco vendeu a gigante BR Distribuidora, destruindo o lema “do poço ao posto” que foi construído por décadas pela estatal.

Trabalhadores demitidos

A privatização da BR Distribuidora serviu de exemplo para mostrar o que pode acontecer com os trabalhadores. A nova gestão privatista demitiu 1/3 dos empregados, “ofereceu” desligamento optativo, extinguiu cargos e baixou as remunerações em 30%! Saiba mais: https://www.youtube.com/watch?v=RsaBKpJIpfs

O exemplo da BR Distribuidora é apenas um entre a extensa lista de ativos que foram vendidos durante a gestão Castello Branco na Petrobrás.

Vantagens na bolsa de valores

Em 2021, Castello Branco renunciou diante do escândalo de falcatruas. Claudio Costa, seu braço direito na Petrobrás e então gestor do RH, foi demitido por suspeita de uso de informações privilegiadas para obter ganhos na ciranda financeira. Ainda corre no Judiciário o processo 19957.001646/2021-76 aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No palanque eleitoral, Bolsonaro correu a tempo de impor sigilo nas mensagens trocadas com o ex-presidente da estatal que tem declarado nas redes sociais ser conteúdo sobre possível esquema de corrupção. https://sindipetro.org.br/o-telefone-do-castello/

O Sindipetro-RJ cobra a abertura de investigações e está firme na luta por uma Petrobrás 100% para e pelos brasileiros.