Levantamento evidencia a marcha rápida da variante ômicron nas últimas quatro semanas na empresa, na base do Sindipetro-RJ
Conforme boletins emitidos pela Petrobrás, em cumprimento a uma decisão judicial favorável ao Sindipetro-RJ, que obriga a empresa a repassar dados sobre a pandemia na base do Sindicato, há registrado um considerável aumento dos casos de COVID-19 entre os empregados próprios da companhia nas últimas quatro semanas, como pode-se constatar no gráfico e na tabela abaixo, já com dados atualizados do recente informe.
Janeiro de terror
Desde o início de janeiro, todo o país tem visto um ascenso de casos. Isso fez com que muitas empresas e instituições do governo revissem seus planos de retorno. Na Petrobrás, desde o início de janeiro, já chegamos a 1.794 casos entre confirmados e suspeitos – lembrando que isso é somente entre primeirizados, e entre estes somente os que notificaram o caso de COVID-19 à empresa, o que significa que o número tende a ser muito maior:
Não adianta tentar esconder a gravidade do problema e minimizar a situação, como fez a gestão da Petrobrás na última reunião realizada na quinta-feira (13/01) com a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e seus sindicatos filiados. O gestor de EOR, Angelo Sartori, saiu do encontro, não permanecendo pouco mais de 15 minutos – um desrespeito à categoria petroleira.
O avanço da ômicron mais uma vez desnuda como a direção da Petrobrás valoriza o lucro de seus acionistas em detrimento da segurança sanitária e saúde de seus trabalhadores. São pessoas que trabalham em prédios sem janelas, gente que embarca para plataformas com camarotes contaminados, que desembarca sem ser testada, entre outras situações que mostram o descaso da alta gestão em um contexto de surto exponencial. É preciso dar um basta nesta lógica de obrigar o trabalhador a “dar a vida pela empresa”, submetendo vidas e famílias ao risco de uma doença que já matou mais de 620 mil pessoas no Brasil.
Neste período da pandemia, e lá se vão mais de dois anos, a FNP apontou por diversas vezes a gravidade da situação com uma visão realista sobre a previsão de cenário que se apresentava a partir de outros países no recrudescimento da pandemia, muito antes do surgimento da ômicron, mas a direção segue se fazendo de surda. Ainda na última reunião com o EOR, a FNP expressou que há risco claro de colapso nas operações, pois equipes inteiras correm risco de contaminação em plataformas, assim como em usinas, refinarias e terminais.
A FNP, através da petição do Sindipetro-RJ na ação em curso que pede a suspensão do trabalho presencial, segue fazendo pressão para que a empresa “acorde”, deixando de tomar decisões unilaterais e que ouça os sindicatos na construção de um protocolo de retorno e de controle de surtos em suas unidades administrativas e operacionais.
Administrativo vê explosão de casos e Petrobrás reluta em tomar as medidas seguras
Nas áreas administrativas, a empresa continua deixando contingente não essencial exposto ao vírus ao manter o trabalho presencial no meio de um surto de casos. No prédio, temos desde dispenser de máscaras vazios a elevadores que operam sem informações para distanciamento e sem controle de aglomeração, baias ocupadas de forma integral em prédios que nem possuem janelas como o EDISEN.
Enquanto isso, a média móvel de 7 dias chega na segunda semana mostrando um aumento assustador, chegando a 93 suspeitos e 59 confirmados nos prédios administrativos, o que significa que todo dia que a Petrobras escolhe não tomar medidas de isolamento social, 152 petroleiros (lembrando que o número tende a ser maior) se veem com possibilidade de contaminação por COVID-19.
A volta à Onda 3, no administrativo, é uma tentativa de tirar o “bode da sala”, ignorando o maior problema que é crescimento das contaminações. É um negacionismo mal disfarçado, que ignora a importância do isolamento social e que burocraticamente busca o nível de retorno de dezembro, como referência de um contexto que não existe mais. A realidade para os trabalhadores da área administrativa da Petrobrás, com o crescimento dos casos de COVID-19, é bem real, diferente da ficção encenada pela gestão da empresa.
Surto nas plataformas ameaça interromper produção e coloca os FPSOs em lockdown
Nas plataformas, os voos de embarque prosseguem com os camarotes recebendo trabalhadores, voos de desembarque irregulares, testagens em massa, sendo que os contactantes voltam para suas casas contaminando familiares e outras pessoas pois não há realização de ampla testagem nos desembarques. Atestados médicos emitidos por não credenciados da APS estão sendo ignorados, segundo denúncias ao Sindicato.
Ou seja, estamos no meio de janeiro e já foi o suficiente para, somente nas plataformas da base do Sindipetro-RJ, alcançarmos 76 contaminados, sendo 22 em dois dias. Se está chegando a um ponto onde faltam pessoas para manter a plataforma operando, tal a magnitude do surto varrendo os trabalhadores.
Enquanto isso, os que ainda têm condições de trabalhar e tentam fazer sua escala convivem com confinamento em hotéis incapazes de lidar com a demanda, esperando para ir a bordo para camarotes mal higienizados após um surto de covid. Quando se contaminam, ficam confinados em camarotes sem ter perspectiva de quando poderão descer. É um desrespeito e uma irresponsabilidade da direção da Petrobrás. Segundo especialistas a variante ômicron possui uma intensidade maior de contaminação, quando apenas uma pessoa pode contaminar outras 15.
Os sindicatos da FNP com o recrudescimento da COVID cobram suspensão dos embarques, retirada dos sintomáticos, assintomáticos e contactantes e redução dos serviços e da produção nas plataformas com contingente e condições negociadas com o sindicato, a fim de manter equipes mínimas a bordo para garantir a segurança de cada unidade e seus equipamentos, até que se debele esse surto; adiamento dos serviços não imprescindíveis nas demais áreas operacionais, como parada de manutenção em refinaria; volta integral ao teletrabalho nas áreas administrativas.