Direção da Petrobrás vende material de plataformas do pré-sal como sucata

O Sindipetro-RJ está apurando as denúncias apresentadas pela imprensa quanto ao sucateamento do material que iria compor os cascos de P-71 e P-72. Em entrevista exclusiva ao advogado Halley de Souza, da assessoria jurídica Lindenmeyer Advocacia & Associados contratada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José, novas informações foram trazidas à tona. E mais: além das plataformas citadas, o material do que seria o casco de P-73 também está sendo sucateado. Confira.

Por decisão judicial no processo que trata da recuperação da Ecovix Construções Oceânicas S/A, empresa responsável pela construção dos cascos das plataformas P-66 à P-73 encomendas pela Petrobrás, foi determinada a paralisação do desmonte ou separação de equipamentos, chapas e megablocos de P71, P72 e P73 para venda como sucata até a efetiva verificação pela administradora judicial da propriedade dos bens.

“(…) Intimem-se as recuperadas para paralisar qualquer ato de desmonte ou separação de equipamentos para venda como sucata até a efetiva verificação pela administradora judicial da propriedade dos bens e consequente legalidade de alienação, bem como apreciação por este juízo (…)” – ordena o despacho.

Além do casco da P-71, com 60% da construção concluída, o Estaleiro Rio Grande abriga blocos e chapas que seriam usados nas obras para as plataformas P-72 e P-73.

A ação movida pelo  Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José através da sua assessoria jurídica Lindenmeyer Advocacia & Associados apresentou  petição nos autos do processo 1.16.0012010-0 junto ao juízo que trata da recuperação judicial do estaleiro que pertence ao grupo Engevix.

“Essa é uma decisão do juízo de recuperação aqui do Estado do Rio Grande do Sul sobre a questão que envolve a Ecovix, e que impede a venda das lâminas de aço que dão origem às plataformas. A Petrobrás dizia que o material era de sua propriedade e que por isso, todo material seria vendido para a Gerdau em uma operação bastante nebulosa. Na verdade esse material, em nosso entendimento, pertence à Ecovix para a construção das plataformas, e não à Petrobrás” – explica Halley de Souza , advogado que cuida do processo.

A Petrobrás havia anunciado a venda como sucata de 80 mil toneladas de material que iria compor as plataformas de petróleo P-71,  P-72 e P-73, cujos cascos seriam produzidos pelo Ecovix no seu estaleiro em Rio Grande-RS.

A siderúrgica Gerdau  já estava operando um processo inicial de corte dessa montanha de aço que empregava mais de dez mil pessoas, com o objetivo de transformar tudo em fundido. A solução foi tomada pela alta direção da Petrobrás, que já havia antecipado que a empresa iria tomar esta decisão. A direção da empresa, sob o comando de Pedro Parente e batuta de Michel Temer, já encomendou plataformas do mesmo modelo na China.

“Tá tudo suspenso, não pode vender nada até que se prove a quem pertence esse material, é isso que quer dizer essa decisão” – simplifica Halley.

No ano de 2010, o estaleiro Ecovix ganhou a licitação para montar oito plataformas para a Petrobrás. Com a Operação Lava Jato, a empresa foi considerada inidônea e seus dirigentes chegaram a ser presos.

Hoje, a Ecovix está em recuperação judicial. Em dezembro do ano passado, o contrato foi suspenso e imediatamente 3.500 trabalhadores foram demitidos. Após pagar por todo este material, Pedro Parente e diretoria travaram os projetos e foi ordenada a venda de todo inventário como sucata. O Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José entrou com uma ação judicial para reverter a situação.

“Esse material é todo livre de imposto para a construção das plataformas. Compraram as chapas da Gerdau a peso de ouro, depois de dois navios praticamente prontos, querem picotar tudo e vender para Gerdau derreter e fazer novas chapas para vender novamente para a Petrobrás. A Gerdau comprou a preço de lixo!” – afirmou a um site especializado em notícias do setor de Petróleo e Gás , o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José, Benito Gonçalves.

O Sindipetro-RJ continua apurando e atuará na cobrança de esclarecimentos sobre mais este absurdo à direção da empresa

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