Dois ativistas negros são presos em São Paulo sem provas

Liberdade a Igo Ngo e Felipinho, já!

Desde a chegada dos portugueses nessas terras imperam ações contra os mais vulneráveis. Hoje, todo tipo de opressão persegue os desprivilegiados na sociedade que é baseada na desigualdade e em práticas racistas. A prisão de Igo e Felipinho nos serve de exemplo escancarado desse fato.

Igo Ngo (João Igo Santos Silva, 37) e Felipinho (Felipe Patrício Lino Ferreira, 20) foram presos acusados de assaltos em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Eles estavam voltando de um passeio que costumam fazer no Largo da Batata no sábado (02/01) quando o ônibus em que estavam foi interceptado pela polícia. Os agentes pediram para alguns passageiros descerem, inclusive eles dois. Depois, sem explicações, eles foram presos por terem características apontadas por vítimas e testemunhas. Uma vítima relatou na delegacia que o roubo aconteceu aproximadamente às 21h, horário em que eles estavam no Largo da Batata chegando no começo da Rua Butantã. Link para o vídeo que mostra os dois longe da rua aonde ocorreu o assalto: https://www.facebook.com/lutapopular/videos/1310824625949601

Segundo Irene Guimarães, advogada de Igo e Felipe, os dois são inocentes e há provas: um motorista da Uber disse que os seguiu mas em nenhum dos vídeos com Igo e Felipe aparece um carro os acompanhando. No dia 07/01, a defesa entrou com o pedido de habeas corpus, ressaltando que faltou à condução desse caso a consideração de que os dois são inocentes até que se prove o contrário. Até o momento da publicação desta matéria, o processo ainda aguardava o sorteio do desembargador para o caso.

O principal problema é que a característica que a polícia tinha para identificação era a cor da pele: os assaltantes eram dois homens negros, como são Igo Ngo e Felipinho. O delegado encerrou o inquérito no dia seguinte, a promotora do Ministério Público de São Paulo ignorou a falta de provas e o juiz Paulo Rogério Santos Pinheiro afirmou nos autos que os indícios são suficientes para a autoria e materialidade delitiva.

Esse é mais um ato truculento, pois o reconhecimento foi feito apenas com Igo e Felipe sozinhos numa sala, desobedecendo o Código do Processo Penal que sugere a participação de outros. Uma das vítimas não os reconheceu e a outra os reconheceu pelas roupas que estavam usando.

Igo é arte-educador e percussionista e membro e dirigente do movimento Luta Popular. Felipe é ativista social, cultural e esportista, atuando em produções musicais do Resistência du Gueto e como professor de artes marciais ajudando jovens a construírem caminhos com perspectivas de futuro.

O Sindipetro-RJ assina o manifesto que pede liberdade já para Igo e Felipe. Saiba mais e divulgue: Manifesto – Igo e Felipe

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