Enquete sobre efetivo na operação da UTE-BLS/BF

Desde o início do ano, o sindicato está realizando uma enquete junto aos operadores da Usina Termelétrica Barbosa Lima Sobrinho/Baixada Fluminense (UTE-BLS/BF), nome que a hierarquia privatista decidiu mudar, há alguns meses, pra Usina Termelétrica Seropédica/Baixada Fluminense (UTE-SRP/BF), no contexto em que, dentro da linha de disfarçar decisões políticas como decisões técnicas e de, pra isso, utilizar muito o mito de que a técnica é algo neutro, completamente estanque e não-contaminado pela política (dito de outra forma,construindo um bunker em torno da lógica privada pra que a lógica pública não se “intrometa”), alterou os nomes de diversas usinas do parque termelétrico da Petrobras,censurando todos os nomes que, de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, estiveram vinculados à idéia de uma Petrobrás a serviço de um projeto pelo menos minimamente soberano pro Brasil (alguns dos nomes, como Rômulo Almeida, Euzébio Rocha e Jesus Soares Pereira, eram de pessoas que participaram diretamente da criação da Petrobrás dentro de um projeto nacionalista).

A enquete é sobre a adequação ou a inadequação da quantidade mínima de operadores efetivamente no turno na usina face ao volume e à complexidade do trabalho executado, assim como pra garantir a segurança dos trabalhadores, da usina e do entorno. O prazo pra terminarmos a enquete vai ser o dia 10 de maio. Estamos buscando a visão do máximo possível de operadores. Quem ainda não participou, pode fazê-lo no linque https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdrBddfrwcoDzHPHj2efxSNcT9Wsj8UvaRr5Ed6np3LSWmhYQ/viewform .

Na avaliação do sindicato, a diminuição de operadores em cada turno é um problema. Em 2015, um operador experiente, o Rodrigo Antônio de Oliveira, morreu em decorrência de um acidente numa caldeira, em que teve mais de 70% do corpo queimado. Pra que nunca mais uma situação desse tipo aconteça na usina, uma das condições indispensáveis, na nossa visão, é que o efetivo seja condizente com um trabalho seguro, inclusive em termos de ambiente psicológico. Se esse acidente tivesse acontecido hoje em dia, com a diminuição do número de operadores no turno mínimo, o Rodrigo Antônio provavelmente teria falecido na própria usina, sem ter tempo sequer de ser levado pro hospital. Muitos operadores se queixam da diminuição do número de trabalhadores no turno ao longo dos anos e de que é comum, na prática, ficar apenas duas pessoas num turno numa das duas usinas da UTE-BLS/BF ou até mesmo uma pessoa apenas. Se queixam que, com isso, há um excesso de trabalho, a começar por um excesso de permissões de trabalho (PTs) por cada operador, inclusive por cada operador de área (nesse caso, além do problema de poucas pessoas pra elaborarem muitas PTs no mesmo espaço de tempo, soma-se o problema de poucos operadores de área pra liberarem muitas PTs num pequeno período, o que dificulta uma análise mais aprofundada de todos os aspectos de segurança e o acompanhamento detalhado de todos os trabalhos na área). E de que a pressão tem sido muito grande. Tudo isso diminui a segurança na usina.

Por meio do Planejamento da Força de Trabalho (Plafort), a hierarquia da Petrobras tem decretado uma diminuição do número de empregados em grande parte dos setores, tanto na área administrativa quanto na área operacional. A hierarquia não é transparente quanto aos números do Plafort e utiliza esse projeto como mais uma das capas “mágicas” pra disfarçar decisões de passos privatistas como se fossem puramente técnicos, sendo que se empenha pra que o mito de que a técnica é algo neutro, que não se discute, que apenas se aceita, que deve ser “protegido” da política (na prática, deve ser mantido impermeável ao amplo debate sobre o que envolve o coletivo e a sua interseção com o individual). O Plafort, que na área operacional costuma receber o apelido de arquétipo, é uma das várias ferramentas que a hierarquia utiliza pra “justificar” demissões (em massa) na empresa, e, na nossa avaliação, foi estruturado (in)justamente com esse objetivo mesmo.

Temos pautado há tempos isso junto à hierarquia local e, de modo mais amplo, à hierarquia da empresa. Com a enquete, queremos dar mais um passo nessa luta.

No contexto da pandemia do coronavírus, o sindicato tem atuado junto à hierarquia da usina pra que freqüentem o setor de trabalho nesse período apenas os trabalhadores fora dos grupos de risco e somente em quantidade suficiente pra manter as atividades essenciais pra sociedade, notadamente pra enfrentar da melhor forma possível a pandemia. Consideramos essa linha fundamental pra salvar vidas (o principal) e até pra que a economia seja o menos afetada possível. Conseguimos, a partir das conversas locais, proteger diversos trabalhadores, embora ainda aquém do necessário. De qualquer forma, a situação da pandemia é extraordinária. Em condições normais, com o mesmo propósito de preservar a vida, defendemos que a quantidade de operadores em cada turno seja maior do que a atual.

Destaques

Campanha de Solidariedade

Está aberta uma conta digital (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-a-heroina-que-estancou-sangue-de-vimitima-em-sequestro) para ajudar Patrícia Rodrigues, mãe de três filhos, que perdeu quase tudo em recente enchente no Rio de Janeiro.

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