Entrega do mercado de gás: TBG na mira

O Sindipetro-RJ recebeu no último dia 15 de julho o especialista no mercado de gás , Antônio Gerson de Carvalho, autor do livro “Gás Natural no Brasil: uma história de muitos erros e poucos acertos”. Gerson apresentou um panorama histórico desde a implantação do sistema que inicialmente foi usado para iluminação no século XIX, até o atual contexto em que o gás natural é extraído do Pré-Sal e usado em termoelétricas da Petrobrás, num momento em que a direção da empresa opera um desmonte do sistema com a venda sem licitação de campos de exploração, malhas de dutos e refinarias.

“Há um cerco grande em torno da Petrobrás. Há uma obrigação da Petrobrás negociar campos maduros de produção. Há uma obrigação da Petrobrás em negociar suas instalações, inclusive, de liquefação de gás natural e liquefeito importado. Há uma obrigação da Petrobrás para vender todas as suas transportadoras, já tendo vendido grande parte delas como NTS, TAG e agora chega a hora da TBG. Há um planejamento para que a Petrobrás saia do mercado de distribuição de gás. Então, existe um cerco muito forte contra a Petrobrás para que ela saia do negócio do gás. Para nós brasileiros isso representa uma perda gigantesca e nenhuma promessa milagrosa se concretizará. Isso não vai baratear o preço do gás, não vão ampliar as redes, não teremos uma qualidade de serviço melhor” – analisou Gerson.

A mentira se repete

O ultrapassado discurso da privatização, uma panaceia de outras épocas,  foi lembrado pelo especialista como uma tática de engodo para enganar a opinião pública sobre a venda de estatais e entrega de concessões do setor de gás. O ministro da economia, Paulo Guedes, insiste nesta ilusão.

“Essas novas medidas adotadas pelo governo não têm novidade nenhuma, as pessoas precisam saber disso. Isso tudo já foi feito no passado, na década de 1990. Os governos naquela época fizeram privatizações, em vários setores, e os argumentos eram os mesmos de hoje: ‘vamos ter quebra de monopólio’; ‘os mercados vão ficar abertos e os preços vão cair’; ‘a qualidade do serviço vai melhorar, com a entrada da iniciativa privada’. Tudo isso foi dito naquela ocasião, e 21 anos depois desse processo verificamos que nada disso aconteceu. As tarifas não diminuíram e a qualidade dos serviços pioraram. O monopólio não acabou porque não tem como acabar com monopólio na rede de gás e rede elétrica, isso é monopólio natural. Então tudo isso foi e é falacioso, não aconteceu. Mas os caras (Paulo Guedes & Cia) usam o mesmo discurso da propaganda enganosa para enganar a população e justificar a privatização” – disse o especialista.

TBG , a bola da vez

A palestra também abordou a venda da TBG – Transportadora Brasileira Gasoduto Brasil – Bolívia. Conforme o termo de compromisso de cessação (TCC) assinado entre a Petrobrás e o Cade, a partir de 2021, a empresa terá que sair integralmente do mercado de gás nos setores de transporte e distribuição.

“A TBG é a bola da vez, porque o contrato entre Brasil e Bolívia  de fornecimento de gás ao nosso país termina neste ano de 2019.Por isso, há uma expectativa muito grande em aproveitar esse vácuo que poderá acontecer se o governo tirar a Petrobrás do negócio, abrindo a perspectiva de outras empresas entrarem neste gasoduto , pois existe uma ganância muito clara com a venda das distribuidoras de diversos estados brasileiros. Daí tudo isso será impactado com esse possível negócio. ”

 

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