Em dezembro passado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, alardeou que em 90 dias faria quatro privatizações tendo a Eletrobrás como a número um nesse mapa de destruição do Brasil. Hoje (25), um dos assuntos mais comentados, que chegou a derrubar em 10% o valor das ações da empresa na bolsa de Nova York, foi a renúncia do privatista Wilson Ferreira Júnor ao cargo de presidente da Eletrobrás.
O executivo pediu demissão da Eletrobrás no domingo (24) depois de ter aceitado o convite do Conselho de Administração para a presidência da BR Distribuidora. Ele entra no lugar de Rafael Grisolia, que foi nomeado desde abril de 2019, quando a hierarquia bolsonarista na Petrobrás privatizou a BR.
Privatização está em curso na Eletrobrás
Anunciada por Michel Temer em 2017, a privatização da gigante do setor de energia no Brasil, a Eletrobrás, está na pauta permanente do governo Bolsonaro. Porém, a repercussão negativa do apagão no Amapá causado pela irresponsabilidade de uma empresa privada pode ter atrasado essa agenda. Fato é que Ferreira Júnior sai da empresa depois de prepará-la para a rota da venda. Elogiado como CEO privatista, antes de ser nomeado para a Eletrobrás em meados de 2016 por Temer, Wilson Ferreira Júnior foi presidente por 14 anos da empresa privada CPFL Energia, que atende a 696 municípios em Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. E deixa a Eletrobrás com menos seis distribuidoras de energia no Norte e Nordeste.
Assim que assumiu a Eletrobrás, Ferreira Júnior não perdeu tempo e começou imediatamente a implantar o plano de destruição da empresa que ganhou inúmeros protestos dos funcionários. Os eletricitários fizeram manifestações, por exemplo, na porta da sede da empresa.
Ao lançar Planos de Demissão Voluntária, alegando estar fazendo economia, Ferreira Júnior chamou os funcionários de “vagabundos” e “safados”. Para o presidente do Conselho de Administração da Eletrobrás, Ruy Schneider, a repercussão do anúncio da saída de Ferreira Júnior gerou “conclusões precipitadas” sobre a paralisação da privatização. Porém, já se fala em Bolsonaro querer usar a empresa como moeda de troca para acordos que precisa fazer já no Congresso para manter-se no cargo diante de toda a movimentação da classe trabalhadora pelo impeachment principalmente com o crescimento da organização de uma paralisação geral acompanhando a greve dos caminhoneiros que acontecerá a partir do dia 1º de fevereiro.