Rearranjo tem cheiro de ação privatista
A administradora Silvana Ribeiro dos Santos, 11 anos de experiência gerencial na Petrobrás, foi nomeada como gerente executiva de RH, Comunicação e Responsabilidade Social na Transpetro, substituindo Antônio Sérgio Botelho Júnior. Não tivesse ela origem no cargo de gerente na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. (TBG), esse trânsito poderia ser visto com normalidade.
Na TBG, entre 2017 e 2019, a empregada ocupou o cargo de gerente de Mobilidade Internacional. Entre 2020 e 2021, justamente no auge do processo de privatização, ela foi gerente de RH na classificação “Parceiro de Negócio”, atendendo diversas áreas estratégicas na empresa como Presidência, Financeiro, Relacionamento Institucional, Transformação Digital e Inovação, Governança e Conformidade e Comercialização e Logística.
Na contramão mundial
Dos cinco maiores produtores de gás natural no mundo, com exceção dos Estados Unidos, quatro (Rússia, Irã, Catar e China) mantém o transporte estatal. Na Noruega, que é menor mas tornou-se referência pelo modelo que adota, o transporte também é centralizado no setor estatal. No Brasil, onde o desgoverno Bolsonaro tem aprofundado o desmonte da infraestrutura nacional, a Petrobrás vendeu os 51% que detinha da TBG em processo aberto em plena pandemia.
Para justificar a venda, o principal argumento usado pela hierarquia privatista foi o de que a Petrobrás está vendendo ativos desse porte para se concentrar onde detém mais expertise. Mais um contrassenso do desgoverno, porque apesar da Petrobrás ter vendido, por exemplo, o restante de sua participação de 10% na NTS e 100% na TAG, a Transpetro continua a ser a operadora dos gasodutos! As duas empresas (NTS e TAG) foram vendidas por uma bagatela e hoje a Petrobrás aluga os dutos que eram próprios, enriquecendo ainda mais os investidores e concorrentes, inclusive, internacionais. E vale questionarmos ainda a dança de cadeiras que está ocorrendo entre executivos do ramo de gás que atuaram na Petrobrás e possuem ligações com as concorrentes da empresa como recentemente publicamos em matéria especial: https://sindipetro.org.br/tbg-nts-e-tag-cartel/
Só os interessados em entregar o mais rapidamente possível todos os ativos da Petrobrás para a iniciativa privada discordam que essas privatizações não significam a destruição da estatal. E, como é fato, não faltam movimentos favoráveis à privatização da Transpetro atualmente como, por exemplo, a precarização geral e profunda das unidades debilitando cada vez mais as condições patrimoniais e de atuação da força de trabalho.