GT do Teletrabalho: uma reunião apenas para constar

Após 5 meses inativo, GT retorna às atividades, mas hierarquia da Petrobrás segue com modelo de não negociar protocolos e discutir critérios para volta ao trabalho presencial em meio à pandemia da COVID-19

Na terça-feira (13/07) a FNP e seus sindicatos filiados, dentre eles o Sindipetro-RJ, participaram da reunião do GT do Teletrabalho chamada pela Petrobrás. Em pauta, o retorno ao trabalho presencial em meio à pandemia da COVID-19.

A FNP logo apresentou seu desagrado pela forma como a gestão da Petrobrás vem conduzindo o GT, impondo um modelo que não permite qualquer tipo de negociação. A própria representação da empresa verbalizou isso na reunião, dizendo que o GT tem por finalidade ser um canal informativo e que se propõe, apenas, a ouvir as sugestões dos sindicatos. Contudo, até mesmo esse caráter informativo é precário. Nas discussões sobre o retorno ao presencial, por exemplo, são apresentadas diretrizes genéricas, sem qualquer detalhamento quanto ao regramento, protocolos, números, critérios e plano através do qual se pretende garantir a segurança sanitária nas instalações administrativas.

Para a FNP e seus sindicatos, não é aceitável que a hierarquia da Petrobrás chegue com soluções prontas, sem abrir possibilidade para qualquer negociação sobre o tema com a representação da categoria. Cobramos a apresentação de cenários com planejamento construído de forma conjunta, inclusive se houver o recrudescimento de casos na empresa. 

Cabe ressaltar que o GT de teletrabalho paritário foi um dos compromissos assumidos nas negociações de ACT de 2020, mas as reuniões haviam sido suspensas de forma unilateral pela direção da empresa no início deste ano. A pauta apresentada anteriormente pela FNP trata do regramento do teletrabalho permanente e agora, de forma mais emergente, o retorno ao trabalho presencial.

Foi preciso lembrar

Um ponto marcante da reunião foi a necessidade da FNP lembrar ao RH, repetidamente, que o retorno ao trabalho presencial está em andamento, com a volta dos gerentes. Durante toda a reunião, o RH citava apenas o mês de outubro. Essa tentativa de invisibilização do retorno dos gerentes obviamente está baseada na expectativa da direção da empresa de subordinação destes a qualquer condição de retorno, assim como na tática de protelar a discussão e as tentativas de negociação da FNP, excluindo-a desse processo.

A FNP critica a suspensão dos testes, entre outros

A FNP  questionou durante o encontro a forma como a gestão da Petrobrás está procedendo em relação aos testes, já que esta considera a aplicação de testes de RT-PCR somente em pessoas com sintomas, menosprezando o risco de contaminação coletiva por contaminados assintomáticos, que são a maioria. A FNP exigiu a realização de testes do tipo antígeno para acesso aos prédios, já que este tem capacidade diagnóstica de casos assintomáticos e resultado rápido.

Além disso, o Sindipetro-RJ, em conjunto com a Federação, cobrou que a direção da Petrobrás liberasse o acesso aos prédios à entidade para visitas de vistoria técnica do Sindipetro-RJ aos locais de trabalho que estão em processo de adaptação para o retorno ao trabalho presencial. Um dos locais que gera bastante preocupação é o EDISEN que não permite a abertura de janelas, impedindo a circulação de ar, potencializando ainda mais o risco de contaminação por conta do uso do sistema de ar condicionado.

Outro ponto abordado pela FNP foi sobre os critérios adotados para o retorno ao presencial para vacinados e não vacinados. A empresa disse que sobre os grupos de risco, voltarão os trabalhadores que já tenham tomado as duas doses da vacina; que gestantes ainda não têm previsão de retorno e que está mantido o cronograma de voltas em ondas até o próximo mês de outubro. Não houve resposta para quem tomou até o momento a primeira dose, não sabendo responder se há gerentes executivos nesta situação.

Uso de máscaras

Outro aspecto questionado pela Federação e seus sindicatos, foi como será o controle e a abordagem a gerentes que estimulem ou até constranjam suas equipes a não usarem máscaras. Laconicamente responderam que os trabalhadores poderiam utilizar os canais de comunicação e denúncia já existentes na empresa. Após insistência da FNP, desqualificaram a pergunta sob a alegação de que essa hipótese era pouco factível. A FNP porém, reforçou a relevância da pergunta, já que temos um presidente da república que praticamente faz campanha contra o uso da máscara e que o presidente da Petrobrás também já apareceu publicamente e acompanhado sem máscara. Ressaltou também a insuficiência dos canais existentes que, dentre outras questões, são morosos quando esse tipo de situação demanda resposta rápida.

Terceirizados invisíveis

O Sindipetro-RJ também cobrou sobre a situação dos trabalhadores terceirizados que já atuam em equipes de suportes em prédios em situação de hibernação e daqueles que certamente serão obrigados a retornar durante as ondas. A representação da empresa não informou qualquer tipo de critérios a ser adotado em relação a esses trabalhadores.

Por fim, é preciso deixar claro que a FNP cobra um espaço de efetiva negociação sobre o teletrabalho para que o GT não seja um mero espaço para repassar informações “requentadas”, fato que não contribui em nada para o exercício da representação da categoria e a defesa de suas condições de saúde e segurança. Desta forma, a FNP vai permanecer cobrando maior participação no processo e discutindo com os seus sindicatos filiados os seus próximos passos.

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