Guerra potencializa danos ao Agronegócio advindos das privatizações contra a Petrobrás

Estatal chegou a ser maior produtora de fertilizantes nitrogenados no Brasil

Por causa da guerra, apesar do Brasil ser um grande produtor de alimentos, a segurança alimentar está ameaçada, porque o agronegócio é cada vez mais dependente das importações de fertilizantes principalmente da Bielorrúsia e Rússia, impedidas nesse momento de fazer o escoamento do produto.

No governo Bolsonaro, por exemplo, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o aumento das importações de fertilizantes da Rússia pulou de 7,5 milhões de toneladas em 2020 para 9,3 em 2021.

A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) estima que os preços dos fertilizantes sofreram alta de mais de 100% em 2021.

Fafens deveriam estar em plena produção

Em 2014, a Petrobrás chegou a anunciar que era a “maior produtora de fertilizantes nitrogenados do Brasil” e além das três unidades de fertilizantes nitrogenados no Paraná, Sergipe e Bahia planejava investir em novas unidades no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo.

Desmonte causa prejuízo econômico e fome

Seguindo a prática de destruição do parque industrial brasileiro, a hierarquia privatista na Petrobrás foi impondo o seu Plano de Desinvestimentos na estatal.

Em 2020:

– arrendou as Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafens) na Bahia e no Sergipe, que juntas produziam 20% de ureia, um dos principais insumos para a pecuária, alegando que havia prejuízos. No Sergipe, o escândalo da gestão lesiva na Petrobrás veio à tona com o arrendamento da Fafen pela Proquigel Química S.A. após dois anos de hibernação quando o ex-gerente geral da Fábrica, onde trabalhou por 15 anos, Eduardo Barreto assumiu o cargo de consultor da Proquigel. Em entrevista ao vivo na Rádio Nova Brasil FM de Sergipe, ele afirmou, em maio de 2020, que a fábrica só precisava da manutenção preventiva que não tinha sido feita durante a hibernação e que a saída de um setor altamente promissor ocorreu somente por motivo de decisão dos gestores na Petrobrás (Ouça e saiba mais: https://sindipetro.org.br/fafen-se-tem-previsao-de-retorno-de-operacoes-ate-o-final-do-ano/);

– fechou a Araucária Nitrogenados (ANSA), que produzia o ARLA-32, componente obrigatório na frota diesel brasileira que reduz a emissão de poluentes transformando os tóxicos óxidos de nitrogênio em materiais não-nocivos;

– vendeu a Unidade de Fertilizantes nitrogenados (UFN-III), em Três Lagoas (MS), com obras paradas desde 2014, mas com 80% do projeto concluído, para o grupo Acron, que é russo!

É importante frisar que este processo de desmonte afeta os trabalhadores próprios da Petrobrás e terceirizados que neste processo juntam-se aos desempregados ou são transferidos de suas cidades, sofrendo com suas famílias.

O tema ganha mais profundidade quando sabemos que há interesses de empresários gananciosos em explorar os minérios em território brasileiro, que não querem o cumprimento de legislações ambientais específicas, muito menos as referentes às terras indígenas.

Agora o Ministério das Minas e Energia fala em Plano Nacional de Fertilizantes em parceria com a Embrapa, que tem sido amplamente sucateada e está na lista de privatizações de Guedes! E a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que defende a privatização para “diminuir os preços dos produtos rurais” e acha que o agronegócio brasileiro é um sucesso para o Brasil, está com viagem marcada ao Canadá, que já é vendedor de fertilizantes para o Brasil. Independente de ações do governo Bolsonaro, mais uma vez tardias, o impacto nas safras é uma realidade que vai piorar ainda mais o quadro de miserabilidade no Brasil.

O fato principal, portanto, é que ao tornar-se refém do ambiente internacional, o preço dos alimentos internamente disparou afetando em cheio a mesa do povo brasileiro que não tem mais como comprar nem mesmo os básicos como arroz, feijão, fubá e farinha de mandioca e está passando fome. Portanto, é mais do que tempo de dizer Não, à privatização e de lutar por uma Petrobrás para e pelo povo brasileiro! Que faça os investimentos que desenvolvam o país, gerem empregos, reduzam a dependência internacional, e assegure o abastecimento e patamares de custos competitivos e alimentos à população.

A saída da Petrobrás de um setor em crescimento, tanto de demanda quanto de preços, como o de fertilizantes, demonstra muito do caráter lesivo ao país da atual política de privatizações imposta por Bolsonaro.

Links da série 👇
Fábrica de fertilizantes da Petrobrás vira um bom negócio
Após ser arrendada por 10 anos pela empresa Proquigel Química S.A., de propriedade do Grupo Unigel
https://sindipetro.org.br/fafen-se-tem-previsao-de-retorno-de-operacoes-ate-o-final-do-ano/

Fertilizantes: Brasil é 4º consumidor mundial
Mesmo assim direção da Petrobrás repassa setor ao mercado e derivados serão ainda mais caros
https://sindipetro.org.br/boletim-26/

Hibernação das Fábricas de Fertilizantes da Petrobrás (FAFENs) causa aumento da importação de produtos químicos
https://sindipetro.org.br/boletim-158/

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