Alguns homens têm como sonhos construir castellos. Outros, por sua vez, sonham em privatizar castellos, fatiar castellos, desinvestir castellos, etc. Na sexta-feira 15/03, o “liberalzão” presidente da Companhia com sobrenome que nos remete à ditadura declarou que “a venda da Petrobrás e de outras companhias públicas foi sempre o sonho”. Ainda comete um erro técnico ao dizer que defende a privatização de 99% das estatais, e “uma das poucas exceções seria o Banco Central”, falhando ao classificar o Banco Central como estatal, quando na verdade é uma autarquia.
Completando o rol de absurdos, diz que “já que não pode vender a petroleira, sua intenção, à frente da Petrobrás, é transformar a empresa o mais próximo possível de uma empresa privatizada”. E segue dizendo que “a Companhia não quer ser monopolista e que a competição, nos setores de gás natural e de refino, deve contribuir para o desenvolvimento do mercado e da Companhia”, projetando a venda de US$ 10 bilhões em ativos nos primeiros quatro meses desse ano. Novo erro técnico ao classificar a Petrobrás como monopolista, quando o monopólio já fora quebrado no governo FHC, deixando o terreno livre para qualquer um que quisesse investir na indústria de petróleo.
O paradoxo nesse discurso é que empresas privadas não vendem louca e compulsivamente seus ativos estratégicos, muito menos entregam de bandeja para concorrentes unidades de produção e fatias de mercado conseguidas com o esforço de décadas. Provavelmente o ultraneoliberal faltou a algumas aulas em que são ensinadas que a força de uma grande empresa de energia está na integração de sua cadeia de negócios, e não na concentração em uma única ou em poucas atividades.
Versão do impresso Boletim CXIII