Depois de nove meses, quando em março o negócio foi anunciado como concluído, Mubadala efetiva pagamento de compra e assume gestão da refinaria
A Petrobrás anunciou, no dia 30/11, a conclusão da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada em São Francisco do Conde, na Bahia e seus ativos logísticos associados para o Mubadala Capital. A negociação foi finalizada após o pagamento de US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 10,1 bilhões) para a Petrobrás, valor que reflete o preço de compra de US$ 1,65 bilhão, ajustado preliminarmente em função de correção monetária e das variações no capital de giro, dívida líquida e investimentos até o fechamento da transação. A Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital para a operação, assumiu em 1º de dezembro a gestão da RLAM, que passa a se chamar Refinaria de Mataripe.
A conclusão do negócio havia sido anunciada em março último, mas a Mubadala demorou quase nove meses para efetivar o pagamento da compra da refinaria.
Além da RLAM, outras duas refinarias já tiveram seus contratos de venda assinados: a Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), no Amazonas, cuja assinatura ocorreu em 25/8, e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, com contrato assinado em 11/11. Assim, os acionistas e chefões da Petrobrás esfregam suas mãos com a grana que vai entrar como dividendos e bônus de premiação, respectivamente.
Mubadala “passou o chapéu” para pagar
Em 24 de março deste ano de 2021, a Petrobrás, em comunicado oficial, informou que MC Brazil Downstream Participações, empresa do grupo Mubadala Capital, havia assinado o contrato de compra da RLAM.
Já no último 25 de agosto, o site LexLatin, meio de comunicação especializado no setor jurídico latino-americano, publicou um informe dando conta de que a A MC Brazil Downstream Trading S.À.R.L., realizou uma oferta de notas seniores por US$ 1,8 bilhão (R$ 9,4 bilhões em 25 de agosto) garantida pela MC Brazil Downstream Participações S.A., do grupo Mubadala Capital. As notas têm cupom de 7,250% e vencimento em 2031.
Notas seniores são títulos de dívidas emitidos que têm precedência sobre outras notas não garantidas em caso de falência. As notas sênior devem ser pagas primeiro se os ativos estiverem disponíveis no caso de uma liquidação da empresa.
Um sueco suspeito
O presidente do Mubadala Capital no Brasil, Oscar Fahlgren, afirmou: “A nossa prioridade é garantir excelência na produção e operação da refinaria, além de uma transição estruturada, serena e sem ruptura. É criar valor com atenção especial às pessoas e ao meio ambiente. Enfatizamos sempre o compromisso de longo prazo que temos com o país e as regiões onde atuamos. Este é certamente um dos objetivos da Acelen”.
O sueco Oscar Fahlgren, executivo-chefe do fundo no país, trabalhando para o fundo desde 2010. O executivo, que trabalhava para o banco JP Morgan em Londres, atua como uma verdadeira eminência parda nos bastidores, sempre com acesso às autoridades das esferas públicas do Brasil. Fahlgrem, oficialmente, já teve diversos encontros com autoridades federais. O Sindipetro-RJ produziu uma reportagem sobre as relações de Fahlgren com o Governo Bolsonaro
O Sindipetro-RJ expressa mais uma vez seu repúdio contra o processo de desmonte e privatização da Petrobrás, e denuncia que a entrega dos recursos e do patrimônio da Petrobrás vai agudizar ainda mais a política de preços dos combustíveis que encarece o valor de venda dos derivados de petróleo para a população no Brasil. Ou seja, gasolina, diesel e gás de cozinha seguem em escalada da alta de preços, gerando alta inflacionária. Quem vai ao supermercado e abastece seu carro no posto de combustível sabe bem dessa realidade.