Conversas do ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco em um grupo de mensagens instantâneas podem mostrar possível esquema de corrupção de Bolsonaro na empresa
Durante um chat de discussão em um grupo de economistas, o ex-presidente da Petrobrás Roberto Castello Branco afirmou que devolveu seu celular corporativo à estatal, ao deixar o comando da empresa, com material que, segundo ele, poderia incriminar o presidente Jair Bolsonaro.
O ex-presidente da Petrobrás debatia com Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil, sobre a elevação do preço dos combustíveis. Novaes então disse Castello Branco primeiro presidente da Petrobrás no mandato presidencial de Bolsonaro, indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ataca sistematicamente o governo.
Castello jogou no ventilador
“Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade. Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles (dos convites) e quando falo, procuro evitar ataques” – respondeu Castello.
As declarações de Castello Branco podem confirmar a suspeita de que Bolsonaro e Paulo Guedes operam dentro da Petrobrás um esquema de insider trading (uso de informações privilegiadas) para obtenção de vantagens em operações no mercado financeiro.
O Sindipetro-RJ tem publicado uma série de reportagens que pontuam essa hipótese. Um grande exemplo dessa possibilidade é o fato de que um executivo de confiança de Roberto Castello Branco, durante sua gestão na Petrobrás, o ex-gestor de RH Claudio Costa foi demitido justamente por suspeita de uso de informação privilegiada para obter ganhos na ciranda financeira. Porém, até hoje, após um ano não se sabe o andamento do processo 19957.001646/2021-76 aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre atuação do ex-chefe do RH da Petrobrás no episódio que culminou com sua demissão da Petrobrás. Veja matéria (https://sindipetro.org.br/carta-demissao-claudio-costa/ )
O fato é que as sucessivas falsidades de Bolsonaro nos últimos dias em relação à Petrobrás têm provocado variações no valor das ações na bolsa de valores, com gente ganhando muito dinheiro com a situação. E a CVM resolveu investigar.
Novamente a CVM abriu na segunda-feira (20/06) mais uma apuração sobre notícias que anteciparam a renúncia do presidente-executivo da Petrobrás, segundo informações da autarquia. O processo administrativo aberto pela CVM, de número 19957.006614/2022-48, pode se tornar uma investigação formal, dependendo das conclusões tomadas após análise pela gerência de acompanhamento de empresas da autarquia, como é de praxe.
Sindipetro-RJ cobra abertura de investigações
O fato é que se Castello Branco sabia das tramóias e não fez nada, o que pode ser configurado prevaricação.
Por conta da situação, o Ministério Público Federal (MPF) tem obrigação de abrir uma investigação sobre as declarações de Roberto Castello Branco e mostrar que atualmente na Petrobrás, sob a gestão de Bolsonaro e Paulo Guedes há uma nova forma usar a maior estatal brasileira para obter vantagens financeiras no cassino das bolsas de valores.
Mesmo que o telefone possa ter sumido, que o chip possa ter sido apagado e eliminado existe a nuvem do aplicativo de mensagens instantâneas cujas mensagens podem ser resgatadas. Aí vamos saber de fato o tamanho do mar de lama do esquema privatista e bolsonarista que solapa a Petrobrás e os brasileiros.