Apesar do resultado, direção de Castello Branco faz questão de garantir ganhos aos especuladores
A companhia anunciou nesta quarta-feira (28) que registrou prejuízo líquido de US$ 236 milhões (R$ 1.546 bilhão). Segundo a direção da empresa se fossem expurgados do balanço os itens não-recorrentes, o resultado seria revertido positivamente e o lucro líquido recorrente seria de US$ 633 milhões. Entre os itens não recorrentes estão os efeitos da adesão a programas de anistias fiscais e os prêmios na recompra de bonds (títulos), devido à menor percepção de risco pelo mercado. Ou seja, a direção da empresa recomprou títulos para evitar mais uma queda no valor de suas ações na ciranda financeira. O que mostra que o hoje, de fato, a Petrobrás atua em prol do mercado financeiro.
“A retomada de pré-pagamentos fez com que reduzíssemos em US$ 11,6 bilhões a dívida bruta no terceiro trimestre. Nos últimos 21 meses conseguimos reduzir US$ 31,3 bilhões de dívida – cerca de US$ 1,5 bilhão por mês – um fator chave para nossa companhia, uma vez que contribui para a redução do risco de nosso balanço, para o fortalecimento de nossa resiliência à volatilidade do fluxo de caixa e para liberarmos recursos para investirmos em nossos ativos de classe mundial” – justifica o presidente da Petrobras Roberto Castello Branco. Porém, ele não diz que a venda de ativos estratégicos do sistema Petrobrás, como suas refinarias, deixa a empresa cada vez mais exposta aos riscos que a hierarquia finge minimizar.
CA da Petrobrás muda política de remuneração para garantir ganhos dos acionistas
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou na última terça (27) a revisão da “Política de Remuneração aos Acionistas”. Agora, quando se verificar redução de dívida líquida nos 12 últimos meses, poderá ser apresentada proposta de distribuição de dividendos. Mas quem vai decidir se este procedimento vai preservar a sustentabilidade financeira da empresa é a própria administração.
Dividendos extraordinários
Se o endividamento bruto for inferior aos US$ 60 bi, com as alterações passa a ser possível o pagamento de dividendos extraordinários, superando o dividendo mínimo legal obrigatório ou o valor anual apurado.
O Sindipetro-RJ reafirma ser contra uma Petrobrás a serviço exclusivo dos acionistas e especuladores, seguindo na luta por uma PLR compatível com o trabalho desenvolvido pelos petroleiros.