Sucessivas pesquisas mostram como a população brasileira rejeita as privatizações, mas mesmo assim elas seguem sendo realizadas contra a vontade popular.
A privatização é considerada uma das etapas principais na aplicação do receituário neoliberal que entrega atividades e mercados à exploração privada e enfraquece o potencial de um Estado independente e soberano que conduza políticas econômicas que assegurem e medeiem direitos. No entanto, ao longo dos últimos anos que este modelo está sendo aplicado no Brasil, acentuado no momento pelo atual governo Bolsonaro, a população através de diversas pesquisas mostra que não aprova o processo de entrega das estatais e riquezas nacionais, como acontece, por exemplo, com a Petrobrás e o petróleo. E, pior, com a ELETROBRÁS e os CORREIOS.
Bolsonaro, Guedes e Mansueto contra o povo
Mansueto, ex-secretário do Tesouro de Michel Temer, mantido no cargo também no governo Bolsonaro, e novo banqueiro do BTG Pactual – fundado por Paulo Guedes, deixou a função pública para tornar-se sócio do banco. Agora, dia 11/11/2021, em evento do mercado financeiro, declarou: “Da mesma forma que conseguimos quebrar o tabu da privatização dessa companhia [Eletrobras], na Petrobras, isso também é possível.” No caso do setor de energia, a privatização já se revelou danosa à população, vide o emblemático apagão que se viveu no Amapá.
No caso da destruição da Petrobrás, desde o governo Dilma, com grande aprofundamento de Temer até Bolsonaro/Guedes, já foram privatizados mais de R$ 230 bilhões em ativos da Petrobrás, entre refinarias (RLAM, REMAN, SIX) campos de petróleo, rede de dutos (TAG e NTS) e subsidiárias como a BR DISTRIBUIDORA e a LIQUIGÁS. Todas as empresas citadas foram totalmente entregues ao capital internacional por Bolsonaro. No caso da ELETROBRÁS, vimos que o Congresso aprovou o processo de privatização, e essa corrupção segue no mesmo rumo contra os Correios.
Maioria do povo contra todas as privatizações
Uma pesquisa recente, divulgada pelo PoderData, realizada entre os dias 13 e 15 de setembro de ano de 2021, em que 2,5 mil pessoas foram ouvidas, em 411 cidades, dos 27 estados brasileiros, mostrou que 53% dos inqueridos se colocaram contra : toda e quaisquer privatizações. (https://static.poder360.com.br/2021/09/pd-estatais-drive-15-set-2021-final-02.png )
Em setembro de 2019, a maioria da população mais uma vez se mostrou contra a privatização, sendo no levantamento constatada uma proporção de dois em cada três brasileiros (67%), rejeitando o processo. Ainda, segundo o levantamento, pouco mais da metade (54%) dos brasileiros tomou conhecimento dos planos do governo de Jair Bolsonaro de vender os Correios e outras empresas públicas nos próximos anos. Desses, 16% se consideram bem informados sobre o assunto, e os demais estão mais ou menos informados (31%) ou mal informados (7%).
http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2019/09/09/7fe9b4424a983fc949e03959ae21ddfapvt.pdf
Rejeição das privatizações crescem, se a entrega se dá ao capital estrangeiro
Em maio de 2018, uma pesquisa do Datafolha dizia que 55% dos brasileiros eram contra a privatização da Petrobrás. Uma parcela ainda maior, 74%, dizia que a Petrobrás não poderia ser vendida para estrangeiros. Essa pesquisa entrevistou 1,5 mil adultos que responderam também sobre a greve dos caminhoneiros, que parou o país naquele período. 87% das pessoas apoiaram a greve que era contra o preço do diesel. Portanto, os encontros de Paulo Guedes em Dubai na busca dos petrodólares para a privatização fatiada da Petrobrás são rejeitados pela grande maioria da população.
Outra pesquisa, do mesmo Datafolha, anterior a essa, realizada em dezembro de 2017 apontou que 70% dos brasileiros eram contra a venda da Petrobrás. Essa rejeição subia aos 78% se a venda fosse ao capital estrangeiro.
Isso mostra que à revelia do povo, agindo de forma nada transparente, Bolsonaro e Paulo Guedes, apoiados pelas oligarquias brasileiras promovem na marra um programa de privatizações que solapa o patrimônio do Brasil em favor de banqueiros e grupos privados e internacionais. Diante dos fatos e dos interesses do país, nenhum dos processos de privatização que avançaram até então, têm qualquer legitimidade para não serem devidamente revertidos, com a apuração das responsabilidades e devida indenização ao orçamento público.