Desinvestimentos da Petrobrás proporcionam altos lucros na ciranda financeira e arrocho salarial – combinação perfeita para os privatistas

Por Rosa Maria Corrêa

Circula nas redes sociais denúncia sobre baixos valores de salários e benefícios praticados por empresas da iniciativa privada que estão cada vez mais de olho nos ativos que a Petrobrás tem oferecido de bandeja em leilões

Ao assumir o controle, a 3R Petroleum (RRRP3), por exemplo, teria reduzido os salários de R$ 3 mil para R$ 1.280 e o cartão alimentação que valia R$ 600, teria passado para R$ 120. Enquanto a crise inflacionária gerada pelos constantes reajustes no preço dos combustíveis segue em alta, resultado do Preço por Paridade de Importação (PPI) aplicado e mantido pela hierarquia da Petrobrás que está prosseguindo com o plano de desinvestimentos e privatização de toda a Petrobrás, empresas da iniciativa privada estão comemorando os lucros. Fundada em 2014, a 3R nasceu na busca por projetos onshore com os desinvestimentos da Petrobrás.

Trajetória é planejada a partir de privatizações da Petrobrás

Enquanto as ações da Petrobrás oscilam na bolsa e despencam a cada declaração descabida de Bolsonaro e Guedes, a 3R Petroleum está em franco crescimento. Há um ano, a estreia na B3 movimentou R$ 690 milhões, avisando que os recursos seriam “integralmente destinados para o caixa da companhia usando uma parcela na compra de ativos colocados à venda pela Petrobrás e outra parte para reforçar a estrutura de capital”. Na época, o CEO escancarou “humildemente”: “A gente quer, humildemente, ser o sucessor da Petrobras nesses campos maduros que a empresa está desinvestindo”.

Compras da Petrobrás impulsionam 3R no mercado

O primeiro investimento de peso da 3R com a aquisição do Polo Macau na Bacia Potiguar em agosto de 2019. Depois, em 2020, comprou o Polo Pescada-Arabaiana e os campos Fazenda Belém e Icapuí, todos também em Potiguar. E expandiu negócios para a Bahia, arrematando pelo menos oito campos em quatro municípios baianos.

Apesar de todos os interesses que rondam o conceito ESG (ambiental, social e governança) atualmente, a 3R está mirando diretamente na extração de petróleo e gás em campos maduros, chegando a divulgar que “os ativos decolaram de vez em 2020 e ganharam espaço na carteira de investidores”.

Não por acaso, a 3R é uma empresa que tem 52,3% do seu capital controlado pela Starboard Asset Ltda., empresa que faz gestão de fundos de investimentos, recuperando ativos com problemas e tem sido uma das mais participativas nos recentes leilões promovidos pela Petrobrás. Em novembro/2020, a Starboard chamou atenção ao fazer a maior oferta (90 milhões de dólares) pelo campo de Papa-Terra na Bacia de Campos, negócio que foi consolidado com a 3R, em julho passado, por 105 milhões de dólares.

Empurrõezinhos fundamentais para o recente “crescimento” da 3R:

– em fevereiro de 2020, a 3R fez fusão com a Ouro Petro Óleo e Gás (vendida por Rodolfo Landim, o mesmo que acabou de se reeleger no clube Flamengo, para a Starboard, sócia da 3R);

– em dezembro/2020, a Petrobrás anunciou que fechou com a Ouro Preto acordo para a venda de 14 campos terrestres do Polo Recôncavo (BA);

– em julho/2021, o BTG Pactual (aquele fundado por Paulo Guedes) recomendou fortemente a compra de ações da 3R;

– em outubro/2021, a 3R anunciou oferta de ações para uma série de bancos de investimentos (para o próprio BTG Pactual e para Itaú BBA, XP Investimentos, Safra, UBS Brasil, ABC Brasil e Genial Investimentos).

Segue o saque contra a Petrobrás e a economia popular, com a farra do “mercado”.

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