Quem é o “Lobo de Wall Street” da Petrobrás?

As sucessivas falsidades de Bolsonaro nos últimos dias em relação à Petrobrás têm provocado variações no valor das ações na bolsa de valores, com gente ganhando muito dinheiro com a situação. CVM resolveu investigar

Segundo a agência Reuters, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu na segunda-feira (20/06) uma apuração sobre notícias que anteciparam a renúncia do presidente-executivo da Petrobras, segundo informações da autarquia.

O processo administrativo aberto pela CVM, de número 19957.006614/2022-48, pode se tornar uma investigação formal, dependendo das conclusões tomadas após análise pela gerência de acompanhamento de empresas da autarquia, como é práxis nesses casos.

As ações da Petrobras, que chegaram a cair mais de 5% após a publicação da notícia sobre a demissão de Coelho, exibiam alta de 1,4% às 15h35 (horário de Brasília). No mesmo horário, o Ibovespa apontava alta de 0,28%.

O anúncio da renúncia ocorreu após o jornal “O Globo” ter publicado na manhã de segunda que membros do Conselho de Administração da Petrobras, que conversaram com Coelho no fim de semana, relataram a disposição do executivo de pedir demissão.

Declarações e o sobe e desce das ações

No dia 23 de maio, último, o governo Bolsonaro, através do Ministério de Minas e Energia (MME), anunciou a terceira troca do presidente da Petrobrás José Mauro Ferreira Coelho, com a indicação de Caio Mario Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia. Neste dia a ação preferencial da Petrobrás – PETR4 estava cotada a R$ 32,63.

Na sexta-feira (17/06), após anúncio do reajuste dos preços dos combustíveis, Bolsonaro afirma que Petrobrás “trai” o povo brasileiro. A ação neste dia caiu para R$ 27,18, configurando uma queda de 6% em relação, a quarta-feira (15/06) quando foi cotada a R$ 28,50. Na quinta (16/06), a bolsa de valores não funcionou por conta do feriado nacional de Corpus Christi.

O detalhe é que neste mesmo dia Bolsonaro ameaçou, disse que na segunda-feira (20), a empresa “iria perder outros R$ 30 bilhões”, se referindo a queda de quarta quando foram estimadas perdas de R$ 28 bilhões na bolsa com as ações da Petrobrás , com a potencial instalação de uma CPI no Congresso Nacional, fato que não aconteceu.

Já, na segunda-feira, tanto as ações como seus derivativos não puderam ser comprados ou vendidos até 10h50, até que todos os investidores “digerissem” a confirmação da saída do demissionário Ferreira Coelho. Após abrir em queda de até 5%, as ações tiveram pequena recuperação até os negócios serem interrompidos novamente, de 11h às 11h36, diante da divulgação de novo fato relevante sobre a troca de comando. Ao final desta segunda a ação preferencial fechou com o valor de R$ 27,62

Dirigente da Petrobrás foi demitido por Insider Trading

Uma coisa é certa, alguém está ganhando muito dinheiro com essas oscilações fabricadas por Bolsonaro. Quem não se lembra do ex-gestor do RH, Claudio Costa, que foi demitido em março de 2021, por possivelmente ter obtido ganhos no mercado financeiro por possível uso de informações confidenciais sobre a saída do então presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco.

Aliás, ninguém sabe como está a investigação aberta pela CVM sobre o escândalo de Costa. (Relembre o caso https://sindipetro.org.br/carta-demissao-claudio-costa/  )

Paulo Guedes, o trader

Durante o governo de Bolsonaro , sistematicamente, tem ocorrido oscilações na bolsa de valores após ataques de Bolsonaro e Paulo Guedes contra a Petrobrás. Cabe lembrar que, em fevereiro de 2022, durante um vídeo gravado no Ministério da Economia para uma conferência do G-20, foi constatado que Guedes utiliza um “terminal Bloomberg”, um software voltado para operadores do mercado financeiro que permite aos usuários monitoramento  e análise de índices em tempo real, com a possibilidade de efetivar operações. O que será que Guedes faz na hora do cafezinho, em seu expediente?

Por isso, mais do que nunca, há a necessidade de responsabilização das autoridades (Presidente da República, Ministros e Presidente da Câmara dos Deputados) por potenciais danos aos pequenos investidores – advindas de declarações públicas atacando a Petrobrás.

Essa atuação e foco dos agentes do Governo Bolsonaro, demonstram que existe um objetivo que visa criar um efeito de blindagem, proteção e privilégio de todas as demais empresas privadas (nacionais e estrangeiras) que operam no setor petróleo, desde o poço até o posto ou ao poste (Geração termelétrica) e à importação e exportação de petróleo e derivados em desfavor da Petrobrás.

São empresas que deveriam estar submetidas a uma legislação que às responsabilizassem, de conjunto, a assegurar o abastecimento nacional a preços justos, competitivos e vinculados à estrutura de custos nacionais e suas respectivas vantagens competitivas como são as reservas do Pré-Sal e as tecnologias desenvolvidas pela Petrobrás. Não é justo com o povo brasileiro empresas de energia bilionárias auferir lucros estratosféricos e não assegurar contrapartidas proporcionais ao abastecimento e desenvolvimento do país.

Redução de impostos nada mais é do que um subsídio

A redução de impostos sobre os combustíveis significa, diretamente, um subsídio aos superlucros das petroleiras – retirados , também, da lucratividade do Pré-Sal, e super-lucros dos produtores de álcool e biodiesel – que aumentaram seus preços ao invés de ofertar maiores volumes e concorrer reduzindo as necessidades de importação. Todo lucro garantido à base do sofrimento da população, e sem as devidas contrapartidas em desenvolvimento e investimentos públicos em educação, moradia, saúde, segurança, previdência, assistência social, saneamento, trabalho e emprego, infraestrutura etc.

É repassar aos super-ricos e bilionários os “bilhetes premiados” do Pré-Sal e a própria Petrobrás, riquezas conquistadas a partir de muito esforço e competência do trabalhador brasileiro e da luta de gerações por um desenvolvimento pleno, livre e independente do país para assegurar dignidade para todos.

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