Por Rosa Maria Corrêa
A notícia de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está investigando um possível vazamento de informações privilegiadas antes do anúncio oficial da troca do comando da Petrobrás, facilitando movimentações atípicas na Bolsa de Valores em operação no dia 18/02 em que um único investidor lucrou R$ 18 milhões levantou suspeitas muito graves sobre o governo Bolsonaro.
Um pouco antes da operação na bolsa, houve uma reunião de Bolsonaro com Paulo Guedes e mais cinco indivíduos: o ministro da Casa Civil, Braga Netto, o da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o secretário do Governo, Luiz Eduardo Ramos e o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional.
Ao serem questionados nesta quarta (03), todos rechaçaram a possibilidade de vazamento a partir da reunião onde foi concretizada a demissão de Castello Branco. O problema é que o próprio Bolsonaro, logo depois da reunião, fez uma transmissão ao vivo pela internet criticando a hierarquia da empresa e afirmou: “alguma coisa vai acontecer na Petrobrás nos próximos dias”.
Enquanto a CVM investiga o caso, aliados de Castello Branco abandonam o CA da Petrobrás
Junto com a indicação do general Luna e Silva para a presidência da estatal, no dia 19/02, Bolsonaro também enviou quatro nomes para o Conselho Administrativo. Porém os quatro recusaram o convite. A informação foi divulgada pela Petrobrás na terça (02).
João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha não aceitaram permanecer nas cadeiras ocupadas pela União no CA.
Entre as justificativas enviadas ao almirante Eduardo Leal, presidente do Conselho, elogios a Castello Branco e uma crítica aberta à Bolsonaro. Carneiro da Cunha escreveu: “Em virtude dos recentes acontecimentos relacionados as alterações na alta administração da Petrobrás, e os posicionamentos externados pelo representante maior do acionista controlador da mesma, não me sinto na posição de aceitar a recondução de meu nome como Conselheiro desta renomada empresa”.
Ainda no comunicado, a empresa avisou que outros serão indicados para os cargos, mas todos serão devidamente submetidos ao mesmo processo de análise que o general já está enfrentando no Comitê de Pessoas do CA.