Silva e Luna faz discurso para acionistas e mantém PPI

Bolsonaro está nomeando mais militares para setores essenciais ao país

Nesta segunda (19), em cerimônia oficial de posse, o general Joaquim Silva e Luna mostrou que a troca de presidência na Petrobrás de nada vai servir para o povo. Bolsonaro mentiu mais uma vez, dizendo que tiraria Castello Branco para mudar a política de preços dos combustíveis. Silva e Luna vai manter a Política de Paridade de Importação que eleva os preços dos combustíveis e do gás de cozinha a toda hora a valores impossíveis de serem pagos pelos trabalhadores (política implantada por Graça Foster) e seguirá com a venda de ativos (planejada por Aldemir Bendine), ambas iniciadas no governo Dilma.

Silva e Luna destacou no discurso (Discurso Silva e Luna-Posse 19042021) que “o Plano Estratégico da Petrobras 2021-2025 já sinaliza com as linhas mestras da superação de desafios”. O Plano para o quinquênio foi aprovado em novembro de 2020 com pilares que atuam no ganho dos especuladores ao garantir dividendos extraordinários.

Nada de COVID-19

Em discurso (link), com mais de duas páginas, o general não fez sequer uma menção ao momento que todos os brasileiros enfrentam com a pandemia chegando à marca de 373 mil óbitos no Brasil.

Antes de tomar posse, Silva e Luna, segundo publicado na imprensa, gerou constrangimentos ao ir despachar presencialmente, na quinta (15), na sede da empresa, promover reuniões com diretores e gerentes e pedir a alguns funcionários que retirassem a máscara para que ele visse seus rostos, surpreendendo a todos com a quebra dos protocolos essenciais à prevenção ao coronavírus.

A falcatrua de Cláudio Costa

Na sexta (16), o Conselho Administrativo se reuniu e elegeu o general, que foi indicado por Bolsonaro em comunicado surpresa no dia 19 de fevereiro passado. Na época, os interesses privatistas no mercado reagiram pra blindar a política de privatização, inclusive a parte que estabelece preços dos derivados com paridade de importação e especulando com a queda das ações da empresa.

Através de investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi descoberto que Cláudio Costa aproveitou-se de informações privilegiadas nesse contexto para lucrar pelo menos R$ 18 mi. Ele saiu do cargo de gerente de RH, mas Castello Branco o acobertou com demissão sem justa causa (link carta aberta). Alguns veículos da imprensa publicaram suspeitas de Castello Branco também ter se beneficiado na Bolsa com a utilização de informações privilegiadas.

O CA elegeu também nova direção executiva

– Rodrigo Araujo Alves para o cargo de Diretor Executivo Financeiro e de Relacionamento com
Investidores;

– Cláudio Rogério Linassi Mastella para o cargo de Diretor Executivo de Comercialização e Logística;

– Fernando Assumpção Borges para o cargo de Diretor Executivo de Exploração e Produção;

– João Henrique Rittershaussen para o cargo de Diretor Executivo de Desenvolvimento da Produção;

– Nicolás Simone foi mantido como Diretor Executivo de Transformação Digital e Inovação;

– Roberto Furian Ardenghy foi mantido como Diretor Executivo de Relacionamento Institucional e
Sustentabilidade; e

– Rodrigo Costa Lima e Silva foi mantido como Diretor Executivo de Refino e Gás Natural.

Conselho também foi alterado

Na assembleia de segunda (12), houve renovação de conselheiros – quatro saíram em apoio ao Castello Branco. Por ser uma empresa de economia mista, a União indica sete dos 11 conselheiros. O Comitê de Pessoas da empresa rejeitou dois nomes que foram indicados: Márcio Andrade Weber por ter sido diretor da Petroserv até agosto do ano passado, sendo a empresa uma fornecedora e operadora de sondas da Petrobrás; e Pedro Rodrigues Galvão de Medeiros, por ter sido diretor do Citibank até dezembro do ano passado, mesmo banco responsável pela abertura de capital da BR Distribuidora. E aprovou Silva e Luna, mesmo ele, segundo as regras pró-mercado da empresa, não tendo currículo condizente com o cargo, passando por cima das regras de compliance que tanto pregam…

Militares já comandam um terço de estatais

Silva e Luna foi ministro da Defesa no desgoverno de Temer e a única experiência em empresas que possui é a de dois anos como diretor-geral na Itaipu Binacional (2019-2020), empossado por Bolsonaro. Ao assumir a produção e o refino de petróleo, nos remete aos tempos de generais na presidência da Petrobrás, o que não ocorria desde a década de 1980.

Agora, para comandar a Itaipu, Bolsonaro escolheu outro general. Logo nos primeiros meses de seu governo, nomeou o general Floriano Peixoto para a presidência dos Correios. É notável que a atuação dos militares já abrange muitos setores essenciais no país como, por exemplo, a administração de portos, de todos os hospitais universitários, de subsidiárias da Eletrobrás e da Nuclep. Os militares posam de nacionalistas, mas seguem a cartilha entreguista.

Modelos de corrupção

Nas delações premiadas, a Odebrecht trouxe à público que os saques nas estatais aconteciam de forma permanente em modelos que foram aplicados desde a ditadura militar e que a História já registra.
O governo militar investia e desenvolvia o setor petroquímico, por exemplo, via recursos financeiros do BNDES, mas entregava o lucro ao capital privado – sócios nacionais e estrangeiros que apoiavam a ditadura.

Ernesto Geisel iniciou oficialmente as atividades do Polo de Camaçari, perseguiu trabalhadores e sindicalistas. Pouco mais de um ano após passar a faixa ao Figueiredo, conforme denúncia em reportagem de Aluízio Maranhão (Geisel-Petroquímica-1980), Geisel assumiu a presidência da Norquisa, conglomerado petroquímico, e do CA da Copene, que congregava a própria Norquisa e a Petroquisa, uma subsidiária da Petrobrás, numa articulação perfeita contra o regime estatal e sempre a favor do poder dos generais.

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