Sindipetro-RJ na luta contra a fome nas favelas

Por André Lobão

Iniciativa promovida pelo Sindipetro-RJ, a Campanha da Solidariedade Petroleira, mobiliza a categoria petroleira e a sociedade para tentar amenizar o abandono do governo Bolsonaro às pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar

Desde de abril de 2020, a Campanha da Solidariedade Petroleira, promovida pelo Sindipetro-RJ, participa ativamente no apoio, aqui no Rio de Janeiro, aos moradores de favelas, coletivos, fóruns , comunidades indígenas e quilombolas, creches, cooperativas de catadores de recicláveis e também petroleiros terceirizados, distribuindo 104 toneladas de alimentos e produtos de limpeza em cestas básicas de forma gratuita, subsidiando a distribuição de 2.700 botijões de gás de cozinha e distribuindo 15 mil máscaras de proteção à infecção por COVID-19.

“A Cooperativa Coopama agradece muito ao Sindipetro-RJ pela doação das cestas alimentícias para os nossos cooperados. Chegaram em um momento de grande necessidade, pois estamos com 80% das atividades paradas e essa contribuição somou muito ao pouco que estamos conseguindo produzir. Nosso trabalho é meramente socioambiental e de grande importância para toda a sociedade, pois geramos trabalho e renda para 58 famílias através do recebimento e destinação correta dos resíduos recicláveis gerados pela população, setor público e privado” – agradece a cooperativa que fica sediada no bairro de Maria da Graça, no complexo do Jacarezinho.

Pesquisa mostra como populações de favelas já sofrem com a fome

Um estudo feito em favelas de todo o país mostra que, para 71% das famílias, a renda caiu a menos da metade durante a pandemia COVID-19, 82% dos entrevistados contam que, sem doações, não conseguem alimentar suas respectivas famílias, e que 68% delas não tiveram dinheiro para comprar comida em ao menos um dia nas duas semanas anteriores à pesquisa. O trabalho mostra ainda que 93% dos moradores não têm nenhum dinheiro guardado. Fato, último, que explicita que não existe renda excedente para a maioria das famílias e não que não sejam previdentes, como Paulo Guedes já insinuou como se denunciasse uma irresponsabilidade pela baixa poupança dos brasileiros, demonstrando sua alienação da realidade da grande maioria dos trabalhadores do país.

O levantamento foi produzido pelo Instituto Data Favela, em parceria com a Locomotiva – Pesquisa e Estratégia e a Central Única das Favelas (Cufa) foi feita com 2.087 pessoas maiores de 16 anos, em 76 favelas em todas as unidades da federação, no período de 9 a 11 de fevereiro de 2021. Além da falta de dinheiro para comprar comida, a pesquisa revela que o número de refeições diárias dos moradores das comunidades vem caindo: de uma média de 2,4, em agosto de 2020, para 1,9 em fevereiro.

A pesquisa só reforça ainda mais a importância da campanha promovida pelo Sindipetro-RJ.

“O nosso Sindicato hoje atua, no Rio de Janeiro, no apoio às famílias que precisam de um prato de comida, uma questão crucial para a maioria da população de baixa renda que perdeu seus empregos nas micro e pequenas empresas, que faliram, e que se vê obrigada na atual conjuntura, quando consegue, a trabalhar de forma autônoma nas ruas vendendo alguma coisa. Além disso, outro fator que colabora para essa triste situação é o aumento do custo de vida, principalmente dos alimentos. A realidade é que hoje temos uma miséria enorme nas favelas que não pode ser mais mascarada” – explica J.P Nascimento, diretor de base do Sindipetro-RJ e um dos coordenadores da Campanha Solidariedade Petroleira.

O diretor acredita que seria ideal a criação de um Fundo Solidário na categoria petroleira e nas demais para financiar iniciativas como a do Sindipetro-RJ:

“Acredito que sindicatos como o nosso e outros com as suas respectivas categorias poderiam criar um fundo solidário como existe atualmente com o fundo de greve que é financiado pela categoria, ou que parte dos recursos deste Fundo de Greve fossem destinados para esse fundo solidário” – sugere.

Nascimento diz que não só a categoria petroleira, mas as demais deveriam formar um fundo em apoio à população em situação de extrema pobreza, mostrando também a consciência na defesa do Brasil e de suas empresas estatais como a Petrobrás.

Ainda , sobre a pesquisa da Cufa, o levantamento mostra a importância das doações na vida dos moradores das favelas: nove em cada dez pessoas receberam alguma doação durante a pandemia. E oito em cada dez famílias não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar as contas básicas caso não tivessem recebido doações.

Favelas que já foram atendidas pela Campanha Solidariedade Petroleira

O Sindicato através de recursos próprios e doações adicionais provenientes da categoria ja beneficiou cerca de 70 entidades, grupos, favelas, cooperativas, aldeias, etc. Destas, cerca de 30 foram para favelas, como por exemplo: AMAVILA – Associação de Moradores da Vila Residencial do Fundão, Vila Humaitá, Camarista Méier, Boca do Mato (Méier), Buraco Quente (Mangueira), Morro do Andaraí, Favela do Dique (Jardim América), Favela da Galinha, Morro da Formiga (Tijuca), Morro do Feijão (São Gonçalo) e Favela do Gato (São Gonçalo).

Estão programadas outras ações da Campanha de Solidariedade Petroleira que brevemente terão datas e locais divulgados.

Por uma Petrobrás que sirva ao povo, e não aos barões do dinheiro

Um dos objetivos da Campanha de Solidariedade Petroleira é conscientizar a população sobre a necessidade da redução dos preços de combustíveis como gasolina, diesel, e sobretudo, gás de cozinha. Este último item fundamental de consumo para a população em favelas cariocas. Se já existe a dificuldade da compra de alimentos, dada a situação econômica, imagine para quem precisa pagar R$ 105,00 em um botijão de gás? Por isso, o Sindipetro-RJ nas suas ações de distribuição de gás de cozinha subsidia em até 30% o valor de compra do produto. Essa iniciativa, além de ajudar o povo , demonstra, na prática, quão mais barato esse produto poderia ser vendido.

“De forma nenhuma queremos substituir o Governo. Alimentar o seu povo é uma responsabilidade do Estado brasileiro e um direito fundamental. Também está nas mãos do governo, acabar com a política do PPI ( Preço Paridade de Importação) que estão adotando na Petrobrás, vendendo assim, combustíveis e gás de cozinha mais baratos.
Por isso a nossa convicção é que devemos continuar pressionando o governo para que priorize o povo” – explica Moara Zanetti, uma das coordenadoras da Campanha e diretora do Sindipetro-RJ

Em cada atividade nas favelas é explicado aos moradores como a política de preços adotada pela hierarquia privatista da Petrobrás, adotando a malfadada referência no PPI , prejudica a população e a própria Petrobrás, que só beneficia seus acionistas internacionais e nacionais que vivem da especulação financeira, aumentando seus ganhos a cada aumento de combustíveis. É importante conscientizar e chamar o povo na luta contra a privatização.

“Sabemos a profundidade do sentido da celebre frase do sociólogo Betinho “quem tem fome tem pressa” e a seriedade do slogan que utilizamos em nossa campanha “porque quem realmente se preocupa com os trabalhadores são outros trabalhadores”. Por isso, reforçamos que o Sindipetro/RJ e a categoria petroleira tem ajudado parte do nosso povo a passar por esse momento com um pouco menos de miséria. E também com mais alimento para a alma, já que todas as ações são feitas com informações sobre a Petrobrás, o PPI e sobre o sentido da defesa de uma Petrobrás 100% estatal e à serviço do povo. Essa campanha é grandiosa em todos os sentidos, e aumenta o meu orgulho pelo nosso histórico, potente e solidário, Sindipetro/RJ – finaliza Moara.

 

Para participar da campanha entre em contato pelo e-mail: solidariedade@sindipetro.org.br. Para doar para a Campanha: Conta do Banco do Brasil (001), Agência 0183-X (substituir por zero, caso não tenha a letra X), conta 407560-9, CNPJ 33.652.355/0001-14, Sindipetro-RJ (ao efetuar o depósito, favor informar o mesmo para o e-mail solidariedade@sindipetro.org.br).

 

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